Guia gratuito ensina a planejar ruas para crianças
Publicação internacional prioriza crianças, bebês e cuidadores no desenho de espaços urbanos
A Global Designing Cities Initiative (GDCI) lançou um Guia Global de Desenhos de Ruas para ajudar urbanistas na difícil tarefa de incluir em seus projetos todos os atores dos cenários urbanos. A publicação se tornou uma referência e ganhou agora um guia especial, destinado às crianças. O guia Desenhando Ruas para Crianças, tradução para o português do original em inglês Designing Streets for Kids, já está disponível em diferentes idiomas, inclusive o português.
A publicação coloca as pessoas em primeiro lugar, com foco especial nas necessidades específicas de bebês, crianças e seus cuidadores como pedestres, ciclistas e usuários de transporte público em ruas urbanas ao redor do mundo. O guia Desenhando Ruas para Crianças pode ser visualizado e baixado gratuitamente em GlobalDesigningCities.org.
“Se você desenha uma rua funcional para crianças, desenha uma rua funcional para todos,” comentou Janette Sadik-Khan, presidente da GDCI, e diretora da Bloomberg Associates. “O Desenhando Ruas para Crianças mostra como as cidades podem liderar utilizando os projetos para melhorar a qualidade de vida das pessoas em todos os lugares”.
Mudança necessária
A maioria das ruas não foi construída pensando nas crianças e, em muitos lugares, as condições atuais das ruas são hostis e inseguras para elas. Acidentes de trânsito matam 1,35 milhão de pessoas todos os anos e são a principal causa de morte de jovens de cinco a 29 anos. O congestionamento de veículos e a forma como eles são projetados também podem contribuir para níveis perigosamente altos de poluição do ar, responsável pela morte de 127.000 crianças com menos de cinco anos a cada ano.
Muitas dessas fatalidades são evitáveis, e esses números podem ser substancialmente reduzidos através de um desenho de ruas adequado para crianças.
O desenho ineficiente de ruas também acarreta consequências negativas para a saúde física e mental das crianças. Ruas barulhentas e/ou hostis a pedestres e usuários de transporte público tendem a desencorajar a atividade física, o que priva as crianças de mobilidade independente e oportunidades de se exercitar e brincar.
Para ajudar a solucionar estes problemas, o guia oferece diagramas detalhados e gráficos completos, com registros das melhores práticas, estratégias, programas e políticas usadas em cidades de todo o mundo. O redesenho de ruas em locais importantes para as crianças ganha uma atenção especial. Escolas e ruas de bairro, bem como áreas de tráfego intenso, incluindo ruas comerciais e cruzamentos merecem um cuidado maior.
Com um capítulo dedicado a “Como fazer a mudança acontecer”, o guia também mostra como implementar e ampliar planos de redesenho de ruas, destacando táticas para envolver as crianças durante todo o processo de planejamento — uma abordagem muitas vezes negligenciada que pode transformar substancialmente a forma como as ruas são desenhadas e utilizadas.
“Opções de mobilidade confiáveis e acesso a ruas seguras e saudáveis é um direito humano, e o guia Desenhando Ruas para Crianças fornece estratégias prontas para serem colocadas em prática visando garantir o acesso equitativo a esses espaços públicos essenciais”, disse Skye Duncan, diretora-executiva da GDCI. “Com a tradução desta publicação premiada, milhões de pessoas em todo o mundo podem acessar essas informações em seu idioma nativo, ajudando a garantir que mais crianças sobrevivam e prosperem nas ruas do bairro”, comemora Skye.
Ruas para crianças no Brasil
Para o prefeito de Fortaleza, José Sarto, a tradução para o português do guia será essencial para que cada vez mais planejadores da cidade tenham acesso às melhores práticas de desenho urbano e priorizem as crianças nas ruas.
“Colocar as crianças como principal público no desenho de ruas é essencial para assegurar a construção de ruas mais inclusivas, agradáveis e acessíveis para todos”, disse o prefeito José Sarto.
Já João Campos, prefeito de Recife, o guia reforça a necessidade de tratar o trânsito como um espaço cada vez mais seguro e inclusivo, “principalmente quando falamos de crianças, que são os elos mais frágeis da cadeia”.
“No Recife temos uma diretriz muito clara que é a da inversão das prioridades no trânsito: mais espaços para pedestres, maior segurança viária e estímulo à mobilidade ativa, principalmente através de bicicletas”, finaliza João Campos.
Fonte: CicloVivo