Religião

A dessacralização da vida no ventre materno

“E eis que em teu ventre conceberás, e darás a luz um filho, e por-lhe-às o nome de Jesus” (Lucas 1.31)

Antes de iniciarmos nosso texto, farei uma pequena ressalva sobre o título que escolhi: o título usado como referência para o nosso texto, foi recentemente estabelecido pela editora Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), sendo um dos temas centrais das lições Bíblicas, estudados por quase todas as igrejas do Brasil. Seguimos.
Nos séculos passados (bíblicos principalmente) o ato de conceber, ou gerar era tão importante que, por assim dizer, era considerado sagrado. Quando Deus cria a terra, Ele dá a seguinte missão a Eva e Adão: “Sede fecundos, multiplicai-vos! (Gênesis 1.28). Ele não pergunta se eles querem gerar, Ele simplesmente diz, faça!

Devemos considerar que, inicialmente, eles eram os únicos seres pensantes e habitante da terra, e é justo, uma vez que eles foram criados para tal propósito. Anos mais tarde, novas gerações foram surgindo, e o conceito de conceber mudou, porém, por ser considerado um dom divino, as mulheres da época que não podiam gerar (e aqui vale lembrar, pela sociedade), eram consideradas inferiores às demais. É importante dizer que, em nenhum momento, nas Escrituras Sagradas, nós encontraremos Jesus menosprezando as mulheres por motivo algum, que dirá pelo fato destas não poderem gerar, uma vez que a concepção era algo planejado por Deus.

Um fato interessante, e que me chama muita atenção, é que, nos tempos bíblicos, inúmeras mulheres de homens importantes da Bíblia não possuíam o dom da concepção como, por exemplo, Sara, mulher de Abraão. Temos ainda Ana, mulher de Elcana, que também era casado com Penina e que, ao contrário de Ana, não só podia gerar como também teve inúmeros filhos e filhas. Segundo a Bíblia, Penina vivia a oprimir a coitada da Ana, provocando-a sempre que podia, por ela não poder gerar!

Têm muitas outras, Rebeca, Mical e a própria Izabel, prima de Maria, mãe do nosso mestre, Jesus. Se formos nomear todas, ficaremos aqui por muito tempo falando sobre estas mulheres que, deliberadamente, eram infelizes por não poderem gerar! É importante ressaltar que, se fosse em nossos dias, estas mulheres também não teriam condições de viver esse sonho, uma vez que os recursos utilizados para levar uma mulher estéril a conceber são muito caros e, consequentemente, pouquíssimas pessoas têm condições para o fazer. E aí nasce um paradoxo: por que em tempos de tanta tecnologia e inúmeras recursos contraceptivos, que contribuem na prevenção de uma gravidez “indesejada” como é considerada por alguns, como podemos concordar e fechar os olhos para este massacre que nos advém com a aprovação desta pauta da “descriminalização do aborto”? Por que não prevenir antes? Por que não se cuidar?

Seria cômico se não fosse trágico, num século em que vemos mulheres lutando para adotar crianças, passam tanto tempo na fila de espera, outras, como já dissemos, pagando tão caro num tratamento, na expectativa de gerar, cuidar, educar e, outras, por total irresponsabilidade, jogando fora o presente recebido por Deus!

A vida é o bem mais precioso que temos, ela é um presente dado por Deus e, por isso, somente Ele tem o direito de nos negá-la!
Na Bíblia, a única mulher que não pediu, não desejou e não suplicou para ter um filho foi Maria. Era jovem, virgem e estava para se casar, quando o Senhor achou graça nela e colocou em seu ventre a semente que veio a se tornar o nosso Salvador!

Maria não foi bem vista nem bem quista por àqueles que estavam ao seu redor. Até seu noivo, José, quis fugir da responsabilidade, uma vez que ele tinha plena convicção de que não tinha parte naquilo. Porém, depois de receber a visita de um anjo, ele entende o propósito, e não só adota Jesus como filho, como também o ama e o respeita como tal. Se foi difícil para ele, que dirá para Maria, naquela época, aparecer grávida. Sem dúvidas, todos estariam falando, arrazoando, mas o que importaria àquela altura? Ela estava gerando um milagre. Sim, conceber é um milagre!

Em salmos 127.3, Davi vai dizer que: ‘os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão’. Então, não abra mão desse privilégio inato que Deus lhe concedeu, não deixe que esta cultura de morte, que permeia nossa sociedade, faça de você também uma vítima. Junte-se a nós nessa causa, vidas sempre importarão: diga não à “descriminalização do aborto” e viva com sua consciência tranquila!

Karla Macrina dos Santos Cribari

Karla Cribari

Karla Cribari Pedagoga, formada pela faculdade Doctum de Vitória

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