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Conheça os estranhos ancestrais terrestres das baleias

No último final de semana, a imagem de um animalzinho estranho e corcunda — com focinho longo, orelhas de rato e um rabo comprido — viralizou no Twitter. Mais estranho do que o bicho foi saber que este é o ancestral comum dos cetáceos, grupo que inclui baleias e golfinhos.

Conheça o Indohyus:

Indohyus, de 48 milhões de anos, é um parente próximo das baleias (Foto: Carl Buell)

O Indohyus viveu em nosso planeta há cerca de 52 milhões de anos. Ele tinha, mais ou menos, o tamanho de um gato e, provavelmente, se alimentava de plantas. Mas, como você pode ver, ele se parece bem pouco com uma baleia — especialmente porque é um animal terrestre com pernas. Então como essa mistura de gato com capivara evoluiu para os cetáceos que conhecemos hoje?

(Foto: MarthaStewart.com)

Vamos fugir!

A imagem do Indohyus pode ter viralizado agora, em 2021, mas os cientistas já sabem de sua existência há alguns anos. Um artigo de 2007, da revista Nature, descreveu os primeiros fósseis analisados desse bicho. Antes disso, sabia-se que os cetáceos haviam evoluído dos mamíferos terrestres, mas não se sabia qual era o ancestral comum entre eles, nem como essa migração tinha acontecido.
A questão é que os Indohyus, muito provavelmente, foram os primeiros mamíferos a fugir para o mar. O curioso é que ele não fez isso para se alimentar de peixes — tudo indica que ele comia plantas — mas sim para fugir de predadores. Uma vez na água, o Indohyus começou a evoluir para se adaptar ao seu novo habitat.
Por volta de 48 milhões de anos, já havia uma nova espécie de mamífero que habitava mais a água do que a terra. O Pakicetus attocki já possuía o invólucro que os cetáceos têm até hoje, para escutar melhor debaixo d’água.

(Foto: BiodiversidadeB/Twitter)

A água é meu lar

Ao longo de milhões de anos, os ancestrais das baleias continuaram evoluindo para se adaptar melhor à vida na água do que na terra: seus membros ficaram mais curtos, já que eles nadavam mais do que ficavam em pé, a cabeça e a cauda ficaram mais longas, assim como o resto do corpo, para melhor locomoção na água.
Por volta de 45 milhões de anos, os protocetáceos (algo como tataravôs dos atuais cetáceos, como baleias e golfinhos), passaram a viver na água definitivamente. Também migraram dos rios para os mares, se alimentando de peixes ou plâncton. Um dos bichos presentes nessa época é o basilossauro, essa belezinha da foto abaixo:

(Foto: Earth Archives)

Os membros superiores passaram a ser usados como nadadeiras — como ocorre até hoje — e os inferiores foram ficando cada vez menores, sem utilidade. Mas você sabia que, até hoje, as baleias têm ossos vestigiais onde seus ancestrais costumavam ter as pernas traseiras? Isso também é evidência desse processo evolutivo.
A partir dessa época dos basilossauros, as narinas também começaram a migrar para o topo da cabeça, da forma como os cetáceos respiram até hoje. Vivendo no mar, os bichos puderam crescer mais, pois é mais fácil suportar peso na água. Além disso, eles tinham alimentos em maior quantidade. Isso também ajuda a explicar como um animal do tamanho de um gato evoluiu para a baleia-azul, o maior mamífero da Terra.
Por fim, também é interessante observar que, em algum momento da evolução, os cetáceos se dividiram entre os Odontoceti (golfinhos e baleias com dentes) e Mystiiceti (grandes baleias, sem dentes, como a azul). Porém, tudo isso só aconteceu porque o estranho Indohyus resolveu viver na água para fugir de predadores, há mais de 50 milhões de anos…

Fonte: Megacurioso

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