Cultura

Nomadland — um belíssimo filme que faz uma reflexão sobre a vida

Nomadland causa um olhar sobre nós mesmo e as conexões necessárias em nossas vidas

Texto: Felipe Bretas

Quando decidi ir aos cinemas assistir ao filme Nomadland, muito por conta da brilhante atriz Frances McDormand — protagonista da produção e vencedora do Oscar de melhor atriz deste ano — imaginei que seria um filme muito bom, mas não excelente como é! Muito merecido todos os prêmios que recebeu. Não à toa, o longa levou outros principais prêmios da academia como de melhor filme, melhor diretora, levando seis estatuetas no total.
Voltando ao cinema, fiquei encantado com a quantidade de pessoas que comprou ingressos para assistir ao filme. Já sentado na poltrona, não parava de entrar gente na sala. Indo ao cinema quase todas as semanas, desde sua reabertura, não tinha visto ainda tantas pessoas prestigiando um filme. Mesmo antes da pandemia não era assim. Acredito que isso se deve muito às plataformas de streaming, que lançam conteúdo a todo momento, fazendo com que as pessoas deixem de ir cada vez mais aos cinemas.
Lembro de ouvir a seguinte frase dentro da sala, “silêncio que já vai começar”, ô coisa boa de se ouvir! Então o filme começou…
Frances McDormand está impecável nesse filme, numa belíssima atuação, mostrando todo seu já reconhecido potencial como atriz, com poucos diálogos em cena. Que entrega no personagem! Um mergulho dentro de sua própria força como mulher.
A trama mistura ficção com realidade e consegue traduzir a falta de compaixão das pessoas em ajudar uns aos outros, do cuidado com o outro, de compartilhar ideias e mantimentos, em prol de um mundo mais justo, humano. Onde o exagero e a extravagância pouco importam. Não é o TER que nos faz um ser humano melhor e, sim, o SER. Quem somos nós? Cada um precisa encontrar a força que habita dentro de si, o que te fortalece, o que você gosta, o que não te faz bem. A produção é um olhar intimista, que nos faz olhar para dentro de nós mesmos.
Baseado no livro escrito por Jessica Bruder, a diretora do longa, Chloé Zhao, traz um olhar sensível, com uma narrativa que mostra a vivência da personagem Fern, vivida por Frances, em meio à situação precária e de extrema necessidade, contrapondo com uma fotografia incrível.
A trama se desenvolve a partir da crise econômica que atinge em cheio a personagem de McDormand. Na casa dos 60 anos, a personagem se vê diante de um enorme desafio desencadeado com a morte do marido e do colapso econômico que a atingem em cheio. Nesse momento, Fern se vê completamente sem destino, mas com uma vontade de viver gigante dentro de si.
Quando sua cidade desaparece do mapa, ela embarca numa van para viver como uma nômade, passando pelo oeste norte-americano, ao mesmo tempo que ainda carrega o luto, já que não consegue superar a morte de seu marido. Dentre empregos temporários e contratempos, ela faz amigos e descobertas no meio do caminho.
Nessa parte do filme, Chloé consegue mostrar bem a necessidade da personagem de se encontrar em meio ao caos da cidade. Fern não tem opção, a não ser seguir a diante com sua vida, e criar novas conexões é importante.
O longa, através das histórias de nômades reais — que vivem viajando pelo país, longe do capitalismo, buscando maneiras de aproveitar a vida dentro de suas próprias raízes — cria uma conexão com o público, causando uma reflexão em cada um sobre a vida.
Minha dica da semana é, assim que tiver oportunidade de ir ao cinema, vá! A experiência é única, o som, a tela, as pessoas, as reações, são coisas que conseguimos vivenciar apenas lá. Para mim, é um lugar mágico e transformador. Nomadland ainda está nos cinemas e vale muito a pena assistir.

SINOPSE
Em Nomadland, após o colapso econômico de uma cidade na zona rural de Nevada, nos Estados Unidos, Fern (Frances McDormand), uma mulher de 60 anos, entra em sua van e parte para a estrada sozinha, vivenciando diversas experiências.

Nomadland | Trailer Oficial Legendado

Felipe Bretas
Jornalista
Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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