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Como as pessoas se viravam sem portas?

A ‘solidão individual’ não era uma questão comum no passado

Um exemplo vivo de como era a vida sem portas é a vila indiana de Shani Shingnapur. Seus 11 mil habitantes moram em casas sem elas e sem vidros nas janelas. Ruínas incas de 800 anos mostram casas retangulares, sem janelas e também com uma entrada permanentemente aberta.
E era assim também na maioria das casas medievais europeias, das mais simples às mais nobres.

Na época feudal, o espaço jamais estava previsto, no interior das grandes moradas, para a solidão individual”, escreve o historiador francês Georges Duby, autor de História da Vida Privada. A planta mais comum consistia de um único cômodo, uma pequena janela, uma lareira e, às vezes, uma área isolada para o forno.

A família compartilhava o espaço escuro, úmido, esfumaçado e pouco higiênico para comer, dormir (em camas para duas a oito pessoas), tomar raros banhos… Quem tentasse se isolar era visto como estranho ou louco.
Na virada do século 13 para o 14, a valorização do indivíduo sobre o coletivo (um dos pilares do Renascimento) criou uma nova concepção de vida privada.

Ser si mesmo no meio dos outros, no quarto, com seus bens, sua bolsa, seus sonhos, seu segredo”, relata Duby.

Nesse espaço em vias de se fechar, um anteparo teria que se colocar entre a pessoa e o olhar alheio. Não demorou para a porta cumprir essa função. Apesar da popularização tardia, a porta é coisa antiga — especialmente entre os ricos, que tinham mais a perder no caso de ataques de ladrões.
Há desenhos de portas em tumbas egípcias (são os registros mais antigos) e evidências de que os nobres assírios não só as usavam como também lançavam mão de uma invenção própria: a fechadura.

Fonte: Aventuras na História

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