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Caso policial: aquele que vale mais do que ouro!

A saga investigativa publicada recentemente conta a fabulosa prisão do facínora que enganou a sociedade se apresentando como educador e que Dr. Castellan, com humildade, como caraterística que lhe é peculiar

Coluna — Café Coado, com Gracimeri Gaviorno

Depois da temporada eleitoral, retorno à Coluna Café Coado com a alegria de tê-la deixado em excelentes mãos. Tenho certeza de que, assim como eu, vocês se deleitaram diante das histórias e reflexões trazidas pelo nosso querido Coronel José Nivaldo Campos Vieira.

Coronel Nivaldo, hoje bem-sucedido empresário serrano, é respeitado pela experiência decorrente de sua trajetória junto ao antigo Serviço Nacional de Informações e à frente das Secretarias de Estado de Justiça, da Segurança e da Casa Militar. Foi também um dos protagonistas na implantação do primeiro plano de segurança estadual, o PRO-PAS, por ele apresentado nesta coluna em sua contribuição de despedida. Espero que seja uma despedida temporária, pois será sempre um prazer recebê-lo no Café Coado. Gratidão por ter aceitado nosso convite e nos honrar com seus conhecimentos nesta Coluna.

Depois dessas pérolas que revelaram o desenvolvimento e os desafios da segurança pública, vou aproveitar esta edição para apresentar um caso policial narrado por Custódio Serrati Castellan que, depois de aposentado, revelou-se pelas vias literárias.

A primeira surpresa aconteceu no ano passado quando ele deu à família policial e à sociedade capixaba a monumental historiografia da Polícia Civil, a partir da Proclamação da República até o período contemporâneo, quando se iniciou a implantação da Polícia Civil de Carreira. Um ano depois volta a nos presentear com um precioso opúsculo.

Quem nos dera, que todo delegado ou delegada procurasse nos brindar com histórias fantásticas relacionadas ao exercício da atividade policial, mesmo depois de, por assim dizer, pendurar as chuteiras, ou melhor dizendo, pendurar as algemas, já que existem muitos que assim como eu não são jogadores de futebol!
A saga investigativa publicada recentemente conta a fabulosa prisão do facínora que enganou a sociedade se apresentando como educador e que Dr. Castellan, com humildade, como caraterística que lhe é peculiar, reproduz sob o título: Os encontros com o destino: desafios de um agente da lei. Mas poderia muito bem ser assim chamada: A FANTÁSTICA HISTÓRIA DO NOVIÇO POLICIAL QUE, VALENDO MAIS DO QUE OURO, PRENDEU O EDUCADOR FACÍNORA!

Essa chamada para um novo título, para quem leu a obra como eu, corrige a modéstia do autor, sendo muito mais justa com o desenvolvimento da história.

Vejam, em apertado resumo:
Estreante na Polícia Civil, na época como investigador, Dr. Castellan foi localizado na Delegacia Especializada em Roubos e Furtos de Veículos. Uma especial atenção foi direcionada para o noviço policial quando ali chegou preso aquele que foi identificado como Professor Haylson Nunes de Castro, procurado por ter mandado matar o colega Diretor da Companhia Nacional de Escolas da Comunidade, advogado e também professor Mário Joaquim da Silva Teles, crime ocorrido no antigo bairro São Sebastião, localizado na minha querida Cidade da Serra.

Não nos surpreende, enquanto policiais que somos, o pedido de silêncio e fidelidade do criminoso dirigido àquele policial ainda muito moço e a quem fora lembrado que, antes de ingressar nos quadros da Polícia Civil, era motorista da Prefeitura de Vitória e prestava serviço tanto à vítima quanto ao seu algoz.

Também não nos surpreende a atitude deste honrado policial. Não houve acordo.
Haylson Nunes de Castro, algemado como deveriam estar os presos, fora apresentado ao delegado de plantão para ser encaminhado à conhecida Casa de Detenção. Lamentavelmente, nossas leis são elitistas e sob a alegação de que o preso possuía curso superior, foi ordenado que lhe tirassem as algemas.

Capa do livro de Custódio Serrati Castellan (Foto: Divulgação)

O criminoso fugiu misteriosamente e se radicou no Pantanal Mato-grossense, não como o fazendeiro Joventivo Leôncio, da recente reapresentada novela Pantanal. Porque se nessa posição estivesse, o Dr. Castellan teria sido convidado para integrar a trama e prender Levi, que, empreitado para assassinar Tenório também tentara contra a vida de Tibério. Mas Castellan está fora de fazer parte do elenco desta novela. Até porque seu procurado bandido não tinha fascínio por gado e, sim, por ouro, tornando-se um rei dos garimpos lá para as bandas do Pantanal.

E seu encontro, até o momento da prisão definitiva, teve lances espetaculares; inacreditáveis para a época, quando não haviam meios que tornassem mais céleres a comunicação, como ocorre nos dias de hoje com o advento do celular e da internet, que nos permitem estabelecer conexões em tempo real.

Vou narrar apenas pitacos desta fabulosa história, para não tirar o prazer dos colegas, senhores e senhoras quando lerem esta obra.
Nosso estimado Dr. Castellan fora chamado para uma conversa reservada no Gabinete do Secretário de Segurança, cuja missão a Garcia era a de prender o fugitivo HAYLSON NUNES DE CASTRO, que estava homiziado no Pantanal Mato-grossense.

Merecedores de férias, Castellan iria cumprir um roteiro turístico e ficou decidido que a honrosa missão seria executada após o seu retorno. Na companhia de seu parceiro PAULO ROBERTO SIMÕES, Castellan dá início a sua viagem, apontando como primeira parada a cidade de Poconé, em Mato Grosso, para visitar sua irmã.

Parada providencial que levou casualmente a irmã Idelva, que além de freira era professora, a revelar que um de seus alunos, era filho de um garimpeiro capixaba e seu sobrenome indicava ser justamente do foragido Haylson Nunes de Castro. Restava agora, encontrar os meios para prendê-lo para recambiá-lo para o Estado.

E é aí que vem a parte mais surpreendente da história. A irmã, superiora da Congregação de Caridade e Ensino local, fez de seu Santo Gabinete um verdadeiro Quartel General. Nele, o vereador, delegado e parceiro Paulo Silas traçou uma infalível engenharia policial, que resultou na prisão do facínora.
O preso, nenhuma ação de resistência esboçou. O que fizera? Pasmem, meus caros e caras: ao nosso amigo Dr. Castellan ofereceu nada menos do que algumas barras de ouro para deixá-lo ir em liberdade!

Mas o nosso Policial, sim, nosso Policial, o que fez?
Assim respondeu: EU SOU UM AGENTE DA LEI! Deu a resposta que é modelo de representação, reverberando um sentimento singular que, para orgulho da Nossa Polícia Capixaba, se transforma num sentimento coletivo: UM POLICIAL QUE VALE MAIS DO QUE OURO!

Quis o destino, ou qualquer outro nome que se queira dar às forças que convergem para a realização da justiça, que o foragido Haylson, criminoso perigoso, envolvido com roubo de carros, estelionatos e homicídio, fosse preso novamente, sete meses depois, pelo então noviço investigador CUSTÓDIO SERRAT CASTELLAN; hoje Delegado de Classe Especial aposentado, casado com nossa querida Olívia, com quem teve quatro filhos lindos e agora, também literário, nos brinda com essa fascinante obra a qual convido vocês a lerem.

Gracimeri Gaviorno
Delegada de polícia; mestre e doutora em direitos fundamentais; professora; Instrutora e mentora profissional para lideranças

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