Relatos do serviço público sob a visão de um servidor público
O que venho percebendo ao longo da minha vida na condição de servidor público e também de cidadão cumpridor dos meus deveres, é que esse tipo de comportamento dentro das administrações públicas, de todos os entes públicos, se tornou uma prática “normal”
Texto: Santaluz Teixeira
Em 2009 ingressei no serviço público estadual do estado do Espírito Santo, com a certeza de que havia encontrado o meu “porto seguro”, a minha estabilidade financeira, pois achava que os “altos e baixos”, só existiam na atividade privada, ledo engano.
Nas primeiras semanas de trabalho, fui me inteirando da matéria jurídica a ser aplicada nas análises processuais, e comecei a receber os processos da chefia imediata para, assim, proceder com as devidas análises e aplicabilidade da legislação que norteava as demandas.
Comecei a me destacar dentro do setor, pois trabalhava como se fosse na atividade privada, produzindo e obedecendo rigorosamente os horários de expediente (estava no edital do concurso). Foi aí que comecei a “pirar”, pois os colegas de setor, com mais tempo de serviço público, me chamaram num canto da sala e me pediram que eu fosse mais devagar nas minhas atribuições, pois o serviço público não era do jeito que eu estava pensando, não era atividade privada e não tinha meta a ser batida… Não dei muita bola para o que eles falaram e continuei trabalhando normalmente. Vocês que estão lendo e, talvez, não estejam “entendendo”, eu não trabalhava muito, eu só enxergava que, por trás daqueles processos, existiam pessoas que necessitavam de algo importante, algum benefício a ser concedido, dinheiro a receber, etc. (empatia).
O tempo foi passando e percebi que o próprio sistema lhe impõe condições para que você desacelere, pois os CARGOS dos mais altos escalões, da maioria das instituições estaduais, são loteados durante as campanhas eleitorais (ou eleitoreiras) e, adivinhem o que acontece? Pessoas são indicadas através desses acordos inescrupulosos, e assumem sem qualquer exigência de capacidade intelectual e, às vezes, de formação acadêmica adequada ao cargo.
O que venho percebendo ao longo da minha vida na condição de servidor público e também de cidadão cumpridor dos meus deveres, é que esse tipo de comportamento dentro das administrações públicas, de todos os entes públicos, se tornou uma prática “normal”.
Mesmo enxergando essas aberrações comportamentais e eleitoreiras de algumas lideranças políticas dentro da administração pública, continuo fazendo o meu trabalho com esmero, procurando ajudar ao máximo a quem me procura, tentando amenizar o sofrimento de quem depende apenas de uma CHANCELA do “alto escalão”.
Creio que a mudança para melhor já começou, o cidadão de bem está mais politizado, procurando escolher os seus representantes políticos, não pelo seu partido, mas, sim, pelo seu caráter ilibado e também pelo seu bom histórico pessoal de vida…isso é muito importante para qualquer sistema político, pois refletirá diretamente na prestação de um serviço público de qualidade e numa sociedade organizada satisfeita.
Eu me considero uma pessoa conservadora e obediente às minhas obrigações enquanto cidadão, tendo como meu farol a tríade…DEUS, PÁTRIA e FAMÍLIA.
“NADA MUDA SE VOCÊ NÃO MUDAR!!!”