Duas novas aves venenosas são descobertas na Nova Guiné
De acordo com pesquisadores dinamarqueses, estes animais possuem toxina semelhante à de sapos e rãs americanas em suas penas
por Éric Moreira
A natureza, com toda a sua grande variedade de espécies de animais vivendo em conjunto, vez ou outra ainda surpreende a humanidade com alguns indivíduos realmente únicos. E recentemente um grupo de pesquisadores dinamarqueses da Universidade de Copenhagen, durante observações realizadas na floresta tropical de Nova Guiné.
Geralmente, quando se pensa em animais venenosos dispostos pela natureza, os primeiros a surgirem em mente são algumas espécies de sapos e rãs, sem mencionar algumas cobras ou aranhas. Porém, o que os pesquisadores dinamarqueses descobriram em Nova Guiné surpreendeu a todos: duas novas espécies de aves com a habilidade de produzir veneno.
Segundo o pesquisador do Museu de História Natural da Dinamarca, Knud Jønsson, em nota, “essas aves contêm uma neurotoxina que podem tolerar e armazenar em suas penas”. As duas espécies, por sua vez, são a Pachycephala schlegelii, de uma família de aves indo-pacíficas, e a Aleadryas rufinucha.
Conforme publicado no periódico científico Molecular Ecology em fevereiro deste ano, a primeira vez que houve suspeita de que essas aves poderiam ser venenosas ocorreu quando descobriram que moradores locais evitavam consumi-las por considerarem-nas “picantes”, e que tocá-las produzia uma sensação incômoda.
Por fim, autoridades também explicam que os animais utilizam o veneno de duas formas: ou produzindo essa toxina, ou absorvendo-a de seus arredores. Já no que se refere às duas aves apontadas no estudo, porém, ainda não está clara a origem.
Aves e rãs
De acordo com a Revista Galileu, o veneno encontrado nas duas aves de Nova Guiné — a batracotoxina — também pode ser encontrado em altas doses em rãs venenosas douradas nativas das Américas do Sul e Central. Então, visando entender como esses animais sobrevivem sem se autointoxicarem, os pesquisadores investigaram se essas aves apresentavam, assim como os anfíbios, adaptações genéticas propriamente relacionadas ao veneno.
Curiosamente, a resposta é sim e não. As aves têm mutações na área que regula os canais de sódio, e esperamos isso que lhes dê essa capacidade de tolerar a toxina, mas não exatamente nos mesmos lugares que as rãs”, explica Kasun Bodawatta, um dos coautores do estudo da Universidade de Copenhagen.
Ele ainda explica que, embora a toxina presente nas duas aves seja semelhante à de rãs americanas, a resistência se deu de maneira diferente. Agora, a pesquisa visa não só contribuir na compreensão de espécies da Nova Guiné e de como elas se adaptaram ao longo do processo evolutivo, como também entender como usam essas toxinas como mecanismo de defesa.
Fonte: Aventuras na História