Política

Estados Unidos do Brasil

Se em 1889 copiaram o nome e a bandeira dos americanos, atualmente importa-se pautas não condizentes com a história, sociedade e cultura brasileiras

O passado
A influência estrangeira sempre existiu, porém, a forma era a adaptação. Os integralistas, em maioria, viam com bons olhos a miscigenação, diferente dos nazistas e fascistas. O império, apesar de iluminista e herdeiro de coroas europeias, criou o quarto poder como dispositivo para o monarca aplicar óleo nas engrenagens do Estado. Hoje, principalmente pela facilidade de compartilhar informações globalmente, os conceitos são replicados sem ideólogos para pensar nas consequências e propor inspirações ao invés de reproduções.

Resistência parda
As questões raciais vêm sendo tratadas no debate público nacional baseadas em militância estrangeira, como o Black Lives Matter, sendo que a construção do problema na terra verde e amarela foi outra. A fim de evitar uma guerra civil no estilo confederado, o fim da escravidão foi gradual, não houve segregação e a mistura de raças exibe um panorama distinto, não coerente com a política promovida, inclusive, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de incluir pretos e pardos no mesmo grupo étnico.

Quesito ambidestro
A esquerda brasileira promove discussões que não são levadas a sério por não existirem no País, e até os neoliberais do Partido Democrata emigraram aos trópicos via figuras como a deputada Tábata Amaral e, claro, muito financiamento internacional. Já a direita é fortemente influenciada pelo Partido Republicano, onde Jair Bolsonaro emulou Donald Trump, o Partido Novo, os libertários.

Danilo Gentili tenta idealizar uma candidatura fundada nas trajetórias de Ronald Reagan, Arnold Schwarzenegger, e o aliado dos EUA Volodymyr Zelensky. Tudo isso causa a polarização anormal que convive com os cidadãos, situação impensada há duas décadas, época em que mesmo os politizados não agiam de maneira tóxica e as visões ideológicas não atrapalhavam relacionamentos.

Há tradição
Já teve representação de origem brasileira em todos os espectros, desde os trabalhistas até os patrianovistas. A solução passa por não só recuperar esses significados, mas por criar novos para tratar questões contemporâneas, porém só será feito quando a população aprender a valorizar resultados duradouros opostas às respostas simples e imediatistas. Dessa maneira, talvez, o Brasil se livre da submissão total ao ideário estadunidense latente desde o regime militar.

Erik Zannon

Erik Zannon

Erik Zannon Mestrando em Ciências Políticas pela Universidad Europea del Atlántico; Graduado em Relações Internacionais e Graduando em História pela Multivix

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