Transtornos de aprendizagem — Parte 1

Quando compreendemos a necessidade do aluno, isso faz toda a diferença na inclusão, na adaptação curricular desse aluno

Saber quais são os transtornos e os déficits mais comuns na educação nos leva a estar de olho aos sinais e entender como lidar após o diagnóstico. Quando compreendemos a necessidade do aluno, isso faz toda a diferença na inclusão, na adaptação curricular desse aluno.
O que é discalculia?
Discalculia: É um transtorno da aprendizagem que afeta a habilidade de manejar conceitos e símbolos matemáticos. Dificultando a capacidade da criança de compreender e assimilar conteúdos mais complexos, muitas vezes só são percebidos em idade escolar ou na adolescência. Por essa razão, é importante compreender que a discalculia é um transtorno real e que, segundo a Associação de Psiquiatria Norte-americana, afeta entre 5% e 15% das crianças em idade escolar. No entanto, as causas exatas são desconhecidas, embora a pesquisa aponte para possíveis problemas no desenvolvimento cerebral e para a genética como possíveis causas.
Para separar as formas de manifestação desse transtorno, existem algumas nomenclaturas que focam em dificuldades específicas. Embora as categorias variem, podem ser definidas em seis tipos: verbal, léxica, operacional, gráfica, practognóstica e ideognóstica.

A discalculia verbal envolve a dificuldade para manejar os símbolos e operações quando eles aparecem verbalmente, ou seja, de forma falada. Pessoas que apresentam discalculia verbal têm dificuldades na hora de passar para o papel contas e operações que estão sendo ditadas por outras pessoas, ou mesmo em verbalizar operações que elas fizeram, em casos mais graves do transtorno.

Já a discalculia léxica está relacionada à dificuldade na leitura dos símbolos e operações matemáticas. Mesmo que a pessoa consiga trabalhar com os números ao falar e ouvir sobre eles, existe uma grande dificuldade de operar em equações e expressões escritas. Embora esta condição não fique tão evidente no dia a dia, pode dificultar a resolução de provas e avaliações escritas.

Tanto a discalculia verbal quanto a léxica dificultam o reconhecimento dos símbolos, impossibilitando os cálculos. Já na discalculia operacional, embora a pessoa consiga reconhecer facilmente os números e compreender conceitos como subtração e adição, existe uma grande dificuldade de efetuar operações de forma sistemática.

Na discalculia gráfica, a pessoa não apresenta problemas para compreender conceitos e efetuar operações de forma sistemática, mas tem dificuldades em representar estes símbolos de forma gráfica, ou seja, escrita.
A discalculia practognóstica gera um grande esforço para que a pessoa consiga aplicar a matemática de forma prática. Embora ela compreenda símbolos e conceitos, não é fácil colocá-los em prática em problemas reais, como na enumeração de objetos e contas simples do cotidiano.

Sintomas da discalculia a serem observado na fase escolar
Os sintomas da discalculia incluem dificuldades com números e quantidades, como:
• Conectar um número à quantidade que ele representa (o número dois a duas maçãs, por exemplo);
• Contar de trás para frente;
• Comparar dois valores;
• Dificuldades com subdivisão (reconhecer quantidades sem contar);
• Dificuldade para lembrar os fatos matemáticos básicos (como tabelas de multiplicação);
• Dificuldade em vincular números e símbolos a valores;
• Dificuldade com matemática mental e resolução de problemas;
• Dificuldade para entender o dinheiro e estimar quantidades;
• Dificuldade para ver as horas em um relógio analógico;
• Orientação visual e espacial deficiente;
• Dificuldade para classificar a direção (direita da esquerda);
• Dificuldade com o reconhecimento de padrões e números sequenciais.

Diagnóstico da discalculia: aparece na seção “Perturbação da aprendizagem específica” no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V). Para o diagnóstico, um indivíduo deve aprender déficits na matemática, segundo estes quatro critérios:
• Sentido numérico.
• Memorização de fatos aritméticos.
• Cálculo preciso ou fluente.
• Raciocínio matemático preciso.

Para o diagnóstico de discalculia, as habilidades acadêmicas afetadas devem estar abaixo do esperado para a idade, causando problemas na escola ou na vida diária. Além disso, outras condições devem ser excluídas, como deficiência intelectual, distúrbio neurológico, adversidade psicossocial e falta de instrução.
As avaliações diagnósticas para discalculia são realizadas por psicólogos e/ou neuropsicólogos, embora psiquiatras infantis possam também realizar o diagnóstico.

A inclusão dos alunos com discalculia como deve ser:
• Fornecer mais tempo para realizar tarefas e provas;
• Permitir o uso de calculadoras;
• Ajustar a dificuldade da tarefa;
• Dividir problemas complicados em etapas;
• Usar cartazes para lembrar aos alunos os conceitos básicos de matemática;
• Tutoria para atingir habilidades básicas e fundamentais;
• Fornecer informações suplementares por meio de aulas interativas;
• Projetos práticos.

Por isso, é fundamental que a discalculia seja diagnosticada e tratada ainda na infância — fase escolar, já que as melhorias nas habilidades matemáticas têm impactos duradouros na vida cotidiana.

Léia Flauzina
Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga, Especialista em Autismo, Neurociência, Aprendizagem e Mestre em Educação, Escritora, Palestrante e Neuroterapeuta





