Paleo & Arqueologia

Ruínas nos Andes revelam detalhes de povo perdido no Lago Titicaca

Pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State), nos EUA, descobrem antigo templo da sociedade Tiwanaku, na Bolívia

Por Isabela Oliveira

Cientistas descobriram um templo da poderosa antiga sociedade Tiwanaku, perto da costa sul do Lago Titicaca, na Bolívia. A descoberta das ruínas revela informações sobre o auge dessa sociedade, um dos primeiros exemplos de civilização nos Andes e precursora do império Inca.
Segundo José Capriles, professor de antropologia da Universidade Penn State, essa sociedade “entrou em colapso por volta de 1000 d.C. e estava em ruínas quando os incas conquistaram os Andes no século 15”.

Em seu auge, ostentava uma estrutura social altamente organizada, deixando para trás vestígios de monumentos arquitetônicos como pirâmides, templos com terraços e monólitos, a maioria dos quais distribuídos em sítios ao redor do Lago Titicaca”, disse (via Phys.org).

O complexo de templos fica a cerca de 209 quilômetros ao sul do sítio histórico de Tiauanaco. Ele está no topo de uma colina discreta, com posição estratégica para agricultores indígenas locais. Na época de Tiwanaku, o local conectava três rotas comerciais principais: para as terras altas ao norte de Titicaca, o árido Altiplano para pastoreio de lhamas a oeste e os vales agrícolas do leste andino de Cochabamba.

Por isso, os pesquisadores compreendem a provável importância do local para conectar pessoas, que se mudavam, comercializavam e construíam monumentos em locais significativos. Para visualizar detalhes da área, a equipe realizou voos de veículo aéreo não tripulado e combinou imagens de satélite.

Por meio da fotogrametria, uma técnica que usa fotos para construir uma aproximação 3D, obtivemos uma representação mais detalhada da estrutura e de sua topografia”, disse Capriles.

Pesquisadores revelaram aparência do templo Tiwanaku
Alinhamentos de pedras revelaram um antigo templo, com o nome nativo Palaspata. O complexo tem cerca de 125 metros de comprimento por 145m de largura e inclui 15 recintos em torno de um pátio. O layout parece indicar a realização de rituais após o equinócio solar, quando o sol está diretamente acima do equador.

Usando os dados, os estudiosos desenvolveram uma reconstrução para revelar a possível aparência do templo. Assim, sua superfície continha fragmentos de xícaras keru, para beber a chicha, uma tradicional bebida de milho, em festas e celebrações agrícolas.

O cultivo do milho nos vales de Cochabamba, em contraste com o local do templo em altitudes elevadas, ressalta sua importância em facilitar o acesso a bens, como alimentos, e diferentes tradições culinárias. As evidências apontam para a função do templo como um centro comercial. Contudo, segundo Capriles, o templo provavelmente tinha também um propósito religioso. Isso devido às áreas rituais e sua conexão física entre o comércio e a distribuição da colheita.

A maioria das transações econômicas e políticas tinham que ser mediadas pela divindade, porque essa seria uma linguagem comum que facilitaria a cooperação de vários indivíduos”, explicou.

Por fim, Justo Ventura Guarayo, prefeito do município de Caracollo, onde está o sítio, afirmou que a cidade está trabalhando com autoridades estaduais e nacionais para garantir a preservação do local.

Fonte: Giz Brasil

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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