Educação

Por que é tão importante investir na educação na primeira infância

Fase que vai do nascimento até os seis anos foi tema do ciclo de debates “Educação em Transformação”, promovido pelo ‘Estadão’

Por Isabella Siqueira

Os primeiros anos da criança, fase que vai do nascimento até os seis anos, são um período complexo e crucial de desenvolvimento para as aprendizagens. A valorização da primeira infância, o acesso, a oferta de qualidade e a avaliação da etapa, especialmente para as populações mais vulneráveis, são alguns dos desafios enfrentados pelo Brasil.
Este tema foi debatido por Kátia Schweickardt, secretária de educação básica do Ministério da Educação (MEC), Gabriel Corrêa, diretor de políticas públicas do Todos pela Educação, e Filomena Silva, diretora de projetos da Fundação Bracell, no painel “O consenso da importância dos primeiros anos”, que integra o ciclo de debates “Educação em Transformação”, promovido pelo Estadão, no Museu do Ipiranga, em São Paulo, nesta segunda-feira (29).

A educação infantil é importante se tiver minimamente qualidade. Se não tiver, ela não é tão boa”, disse Kátia. A secretária do MEC lembrou que a oferta de vagas em creches e pré-escolas ainda é concentrada, não atingindo as famílias que mais precisam, e destacou a necessidade da governança nos territórios, que deve estar integrada a outras áreas, como a saúde. “Tem todo um processo de entender essa etapa da pré-escola, que já é obrigatória e em que se esperam processos de desenvolvimento e aprendizagem”, disse Filomena Silva, que citou a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os campos de experiência, que orientam professores e escolas sobre os estímulos a serem ofertados às crianças.

No desafio do acesso à creche, Gabriel Corrêa pontuou que a elaboração de políticas públicas precisa considerar o recorte pela faixa etária de zero a um ano. De acordo com estudo do Todos Pela Educação, no Brasil, apenas 18,6% das crianças desta faixa etária frequentam a creche. “Sem olhar para isso, o Brasil não vai avançar”, afirmou Gabriel.

Intersetorialidade e integração com outras áreas
Os especialistas reforçaram a importância da intersetorialidade para assegurar que a oferta da educação infantil tenha qualidade. Estudos da área de neurociência sobre o processo de desenvolvimento infantil colocam essa faixa de zero a seis anos como uma “janela de oportunidades fundamental”, lembrou Filomena. Porém, as intervenções para diminuir as desigualdades no desenvolvimento cognitivo de aprendizagem ocorre apenas nas etapas posteriores à educação infantil.

Para ela, ações de envolvimento com as famílias são uma forma de oferecer os estímulos necessários à essa etapa de desenvolvimento. “A gente trabalha pouco esse entendimento com as famílias. Acho que esse é um dos motivos pela qual a educação é pouco valorizada, por não entendermos a magnitude (desse momento)”, disse.

“É fundamental entender que a educação não vai contemplar todas as demandas sociais”, enfatizou Gabriel, que destacou a integração da educação com outras áreas, como a saúde. Ele ressaltou a Política Nacional Integrada da Primeira Infância, lançada pelo governo em 2025, e outras políticas intersetoriais que já existem nos Estados e municípios.

Como avaliar a educação infantil
Para Filomena, qualificar a avaliação é um desafio que se torna “mais latente” na educação infantil, na qual não há métricas objetivas de desempenho. Ela apontou que a avaliação da educação infantil é um “processo de acompanhamento, monitoramento, feedback e intervenção”.

Kátia afirmou ainda que um protótipo de sistema de filas, desenvolvido pelo MEC, está sendo testado em Estados e municípios. De acordo com a secretária, a ferramenta, que fará parte da plataforma Gestão Presente, ficará à disposição como ferramenta aos sistemas de ensino.

Fonte: Terra

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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