Dólar dispara e derruba Ibovespa: tensão entre China e EUA acende alerta na economia global

Por Sara Aquino
O dólar voltou a subir nesta terça-feira (22), refletindo a crescente cautela nos mercados internacionais diante da indefinição nas negociações entre China e EUA. A moeda americana encerrou o dia em alta de 0,36%, cotada a R$ 5,39, enquanto o Ibovespa recuou, acompanhando o movimento de aversão ao risco que tomou conta das bolsas globais. A elevação da moeda norte-americana ocorre em meio a um cenário de economia global tensa, com os investidores reagindo à falta de avanços concretos nas conversas entre as duas maiores potências do mundo.
Analistas afirmam que o dia registrou baixa liquidez e poucos dados econômicos relevantes, o que deixou os investidores sem direção clara. Assim, o mercado financeiro brasileiro acompanhou o cenário internacional, reagindo rapidamente ao clima de cautela e às incertezas diplomáticas entre China e EUA.
O mercado está operando com um pouco menos de apetite ao risco, principalmente nas commodities, como ouro e prata, que devolveram parte das altas recentes”, explicou Jorge Dib, gestor da Galapagos Capital.
Ele destacou ainda que é difícil prever os próximos movimentos do câmbio, já que há um verdadeiro apagão de dados econômicos nos EUA devido ao shutdown do governo americano, que já dura 21 dias. Além da cautela generalizada, outro fator que impulsionou a alta do dólar foi a perda de valor do iene japonês, o que reforçou o movimento global de valorização da moeda norte-americana.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, subiu 0,34% no fechamento. Esse avanço reflete a busca dos investidores por ativos considerados mais seguros, em meio à incerteza sobre a política monetária e o cenário geopolítico. A expectativa em torno da reunião entre Donald Trump e Xi Jinping, prevista apenas para o fim do mês, adiciona combustível à volatilidade. Investidores temem que o encontro não traga progresso nas discussões comerciais e tecnológicas entre os países.
Enquanto isso, os mercados emergentes, como o brasileiro, sentem os reflexos diretos. O Ibovespa registrou queda, pressionado pela saída de capital estrangeiro e pela valorização do dólar, que torna os investimentos em países em desenvolvimento mais arriscados. Com a moeda americana em R$ 5,39, o efeito é imediato sobre os preços de importados e combustíveis, aumentando a pressão sobre a inflação e os custos das empresas.
Especialistas alertam que, caso a alta continue, o Banco Central deve intervir para conter rapidamente a volatilidade e estabilizar o mercado, já que o avanço do dólar pressiona preços e aumenta a incerteza sobre a economia. Por outro lado, a China, maior parceira comercial do Brasil, também enfrenta desaceleração econômica, o que impacta diretamente as exportações brasileiras de commodities.
Assim, a combinação entre tensão EUA-China e alta do dólar cria um ambiente de incerteza para os investidores e para a economia nacional. Os próximos movimentos do câmbio dependerão do desenrolar das negociações entre Washington e Pequim e da retomada dos dados econômicos nos Estados Unidos, após o fim do shutdown. Enquanto isso, a recomendação dos analistas é de cautela redobrada.
Estamos diante de um momento de fragilidade nos mercados. Qualquer sinal de avanço ou retrocesso entre China e EUA pode provocar fortes oscilações”, afirmou Jorge Dib.
Fonte: Click Petróleo e Gás














