PMI descomplicado: três pilares para o empreendedor

Por Francisco Neto

A metodologia do Project Management Institute (PMI) é consagrada no mundo de profissionais que lidam com projetos (“projetistas”) por prover ferramentas únicas de compreensão de atividades e sistemas, padronizando tratamento de informações e desmembrando o alvo da análise em várias áreas de conhecimento. É uma leitura e organização de melhores práticas que costumam enquadrar pessoas e seus resultados em processos muito bem delineados e com pouca margem para customização.
E, curiosamente, talvez seja esta justamente a maior limitação de sua utilização na vida real: em um ambiente que proporciona caos criativo, é necessário flexibilidade para lidar com as constantes inconstâncias que por vezes são diferentes em projetos convencionais. E os “não projetistas”, que não estão acostumados a lidar com este tipo de desafio, tendem a se afastar da metodologia ou buscam “roupagens” enganosas ou simplórias que não agregam valor em nada.

Essa realidade (compreensível sob o ponto de vista prático) afasta não projetistas de uma metodologia eficaz que possui recursos e processos que podem ajudar em sua jornada. É necessário apresentar uma releitura que mostra como, por exemplo, dividir a metodologia do PMI em três pilares acessíveis a todos e que são aliados na resolução de suas aflições.

O primeiro pilar é o Pilar da Iniciação, aquele que sustenta “o quê” e “por quê” daquele processo. Se não existe a clareza do que é importante e os motivos pelos quais estes são importantes, tudo se torna superficial. Um projetista definiria esses conceitos como carga máxima de um piso e o material que completaria a viga de sustentação; um não projetista concluiria que trata-se de separar os produtos ou serviços entre aqueles que não agregam valor entre aqueles que curam determinada dor, além de estabelecer pontos inegociáveis de sucesso.

A seguir temos o Pilar do Planejamento. Neste ponto todos os lados concordam: é a parte mais desafiadora de se fazer por envolver análise crítica intensa e pode se tornar enfadonha sem um método adequado. Requer desmembramento do trabalho em pequenas partes logicamente sequenciadas e internamente interligadas para lograr o êxito final. Em termos com os quais um não projetista se conecta melhor, faz-se a sequência Projeto -> Entregáveis Principais -> Pacotes de Trabalho -> Atividades -> Tarefas. Este caminho é perfeitamente adequado para lançamentos de produtos e consegue esclarecer passos concretos e mensuráveis. E conversa essencialmente com os processos de Gerenciamento de Tempo conhecidos pelos projetistas.

Agora deve-se esclarecer o Pilar de Execução e Monitoramento. É o momento de muito foco nos resultados obtidos para identificar se a proposta está sendo realizada e, mais importante ainda, se desvios estão sendo mensurados e corrigidos em um ciclo de melhoria contínua. O projetista, neste momento, apropria-se das melhores práticas de gerenciamento de escopo, de comunicação, de partes interessadas e outras áreas do conhecimento, se sentindo em casa. Ao mesmo tempo, o não projetista pode adotar resoluções práticas como reuniões práticas de 15 minutos para alinhar estratégias ou registrar ocorrências de forma simples para analisá-las sem julgamento, mas com intuito de aprendizado.

Gerenciamento adequado de projetos não é um freio no caminho para o sucesso, muito menos um código secreto acessível a poucos. É uma poderosa ferramenta de gestão que, cada vez mais, deveria ser desmembrada e tornada acessível para que qualquer perfil profissional possa se beneficiar de sua metodologia. O resultado do sucesso é a agilidade do empreendedor com a solidez metodológica de um projetista. Ensinável, transmissível, aprendível: longe de ser fácil, mas nada inatingível.

Francisco Neto
Engenheiro eletricista, CEO da Conexa Engenharia
Especialista em gestão de projetos, empreendedorismo e inovação
@eng.fneto