Meio ambiente

Novo grande primata descoberto também é o mais ameaçado

Orangotango-de-tapanuli: a espécie mais nova de grande primata é também a mais ameaçada

Por Lucas Soares

Descobrir uma nova espécie de animal normalmente é um momento de celebração. Mas no caso do orangotango-de-Tapanuli (Pongo tapanuliensis), encontrado pela primeira vez em 2017, os pesquisadores tiveram um misto de sensações, já que naquele momento, além de grande primata mais novo, ele também se tornou o grande primata mais ameaçado de extinção no mundo. Hoje, quase 10 anos depois, a espécie praticamente sumiu.
De acordo com uma reportagem do IFL Science, atualmente, estima-se que menos de 800 indivíduos sobrevivam em liberdade, confinados a uma área de floresta montanhosa conhecida como Ecossistema Batang Toru. Estudos indicam que, entre 1985 e 2007, o território ocupado pela espécie diminuiu cerca de 60%, e a tendência segue em declínio. O principal motivo: a destruição do habitat natural para dar lugar a plantações, empreendimentos industriais e infraestrutura.

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) classifica o orangotango-de-tapanuli como “Criticamente Ameaçado”, o nível mais alto de risco antes da extinção na natureza. Esperava-se que o reconhecimento da espécie despertasse esforços globais de conservação, mas, segundo especialistas, os avanços ainda são tímidos.

Orangotango ameaçado
“Desde que a espécie foi descrita, pouca coisa mudou”, afirmou Amanda Hurowitz, diretora do grupo ambiental Mighty Earth, em entrevista à Mongabay em 2023. “Seria natural esperar que o mundo se mobilizasse para salvar um novo grande primata. Infelizmente, o orangotango-de-tapanuli continua enfrentando as mesmas ameaças que há oito anos”.

As ameaças são múltiplas e graves. O desmatamento ilegal, a caça e o tráfico de filhotes representam perigos constantes. Somam-se a esses riscos projetos de grande escala, como a construção de uma usina hidrelétrica e a exploração de uma mina de ouro dentro dos limites de seu frágil território. Estas obras não apenas destroem a floresta, mas também fragmentam o habitat, isolando grupos já minúsculos e inviabilizando sua reprodução e sobrevivência a longo prazo.

Enquanto a ciência tenta garantir o futuro do orangotango-de-tapanuli, esse primata solitário e ameaçado se tornou símbolo de um dilema global: a corrida entre o desenvolvimento humano e a sobrevivência das espécies que compartilham o planeta.

Fonte: Olhar Digital

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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