Paleo & Arqueologia Religião

Enterro de mais de dois mil anos relacionado a passagem bíblica é encontrado na Turquia

Escavações recentes forneceram novas evidências sobre Colossae, cidade mencionada nas cartas de Paulo na Bíblia

Por Giovanna Gomes

Escavações realizadas na Turquia revelaram tumbas e artefatos que fornecem novas evidências sobre Colossae, a cidade mencionada nas cartas de São Paulo na Bíblia e a qual seria lar de uma comunidade cristã primitiva. Na região do Egeu, aos pés do Monte Honaz, a equipe de arqueólogos descobriu mais de 60 sepulturas datadas de mais de dois mil anos. A descoberta foi revelada pela agência Anadolu, no dia 6 de outubro.
No conteúdo da Epístola aos Colossenses, Paulo enfatiza a supremacia de Jesus e a plenitude dos crentes nele. O texto contém 95 versículos distribuídos em quatro capítulos. Ao longo deles, o apóstolo adverte os colossenses contra falsos ensinamentos que poderiam diminuir o papel de Cristo, encorajando-os a viver como novas criaturas e a cultivar amor, bondade e perdão.

Acredita-se que a necrópole recém-descoberta seja a maior do tipo na Anatólia, composta por tumbas escavadas na rocha em forma de canal, o que demonstra a habilidade dos antigos construtores ao utilizar as formações travertinas naturais.
Segundo o arqueólogo Baris Yener, após a remoção da camada superficial do solo, foram identificadas cerca de 65 tumbas, das quais 60 foram escavadas. As sepulturas revelaram uma impressionante coleção de artefatos que lançam luz sobre a vida espiritual e cultural de Colossae antes da chegada do cristianismo.
Dentre os itens encontrados estão cerâmicas de terracota, garrafas de vidro e lâmpadas a óleo, além de moedas, sandálias e objetos pessoais dos falecidos. De acordo com o portal Daily Mail, os achados sugerem que os habitantes de Colossae mantinham ricas tradições espirituais muito antes da epístola de Paulo.

O apóstolo Paulo
Paulo, originalmente conhecido como Saulo de Tarso, foi um missionário cristão e figura crucial na propagação do cristianismo. Antes de sua conversão, Paulo perseguiu ativamente os cristãos, acreditando que seus ensinamentos representavam uma ameaça ao judaísmo.

Ele testemunhou o apedrejamento de Estêvão, um dos primeiros mártires cristãos, e buscou prender seguidores da nova fé em diversas cidades. No caminho para Damasco, Saulo, porém, teve um encontro transformador com Jesus, onde foi temporariamente cegado por uma luz intensa e ouviu a pergunta: ‘Saulo, Saulo, por que me persegues?’.

Após esse episódio, Saulo se converteu ao cristianismo e passou a ser conhecido como Paulo. Ele dedicou sua vida à pregação dos ensinamentos de Jesus e à fundação de comunidades cristãs pelo Império Romano. A tradição afirma que Paulo foi martirizado por decapitação em Roma entre 64 e 68 d.C., provavelmente durante a perseguição aos cristãos promovida pelo imperador Nero.

Antes de seu falecimento, ele escreveu a Carta aos Colossenses com o objetivo principal de refutar uma heresia que ameaçava a igreja ao subestimar a supremacia de Cristo. Os novos achados indicam que os colossenses praticavam tradições espirituais ricas muito antes do surgimento do cristianismo.

Vida após a morte
Muitos artefatos encontrados eram possivelmente colocados nas tumbas para acompanhar os mortos em sua jornada para o além-vida, ilustrando as crenças sobre a vida após a morte. Além desses itens, foram descobertos amuletos e pedras acreditadas como possuidoras de propriedades curativas ou protetoras.

As descobertas revelam o quanto o povo de Colossae valorizava magia, talismãs e objetos considerados capazes de oferecer proteção”, destacou Yener.

Essas práticas pré-cristãs são essenciais para entender o ambiente religioso no qual surgiu a comunidade cristã primitiva. As descobertas são particularmente significativas porque iluminam o contexto histórico em que Paulo escreveu sua epístola. Os colossenses viviam numa cidade imersa em tradições religiosas antigas que provavelmente influenciaram suas crenças locais.

A presença desses objetos místicos sugere que conceitos como proteção e rituais mágicos eram comuns naquela época — aspectos que Paulo procurou direcionar para uma fé cristã mais sólida. A necropolis também fornece pistas sobre as estruturas sociais e econômicas da época; o arranjo das tumbas e a riqueza dos bens funerários indicam uma cidade com planejamento urbano organizado e uma comunidade capaz de sustentar assentamentos duradouros.

Fonte: Aventuras na História

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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