Debaixo do Sol: um romance psicológico sobre a vida e a fé

O livro de Rodolfo Padu explora a busca por um sentido existencial e o papel da religião católica nessa jornada
Por Angela Brito
O vazio da vida moderna, os conflitos existenciais, as escolhas que fazemos e a busca por redenção através da fé conduzem o romance psicológico Debaixo do Sol (Ed. Ipê das Letras). O livro marca a estreia do escritor Rodolfo Palu e foi lançado no dia 1.º de novembro, na Livraria da Vila, no Shopping Morumbi, em São Paulo.
Em 42 capítulos curtos, a obra oferece uma leitura ágil e envolvente, conduzindo o leitor pelos caminhos de Augusto, protagonista cuja angústia e dilemas refletem os de tantos jovens adultos da atualidade. Integrante da Geração Z, Augusto busca preencher as frustrações e o vazio interno por meio de novos empregos e relacionamentos, que nunca dão certo.
A narrativa se aproxima do realismo mágico, em que eventos extraordinários são tratados pelos personagens como banais, e não como sobrenaturais — como chuvas de pétalas de rosas ou vaga-lumes que aparecem para guiar em momentos de escuridão.
Os vaga-lumes dispuseram-se em fila no chão. O último, estava ao lado do pé dele, e o primeiro, em frente a uma porta. Ele caminhou ao lado dos pirilampos. Conforme aproximou-se do destino indicado, seu coração acelerou mais e mais”, Rodolfo Palu, Debaixo do Sol.
Os personagens que mais impactam a vida de Augusto são seu avô, um pilar moral; a mãe, força oposta ao avô; e Iris, que desperta paixões e faz o protagonista cometer loucuras. A jovem representa o objeto de toda a mudança, conduzindo o protagonista por caminhos de autodescoberta através do encontro com a religião.

A redenção
A princípio, Augusto não tem fé. Mas as respostas que busca surgem quando ouve um padre dizer que a única forma de preencher a alma é pelo amor — porque ele vem de Deus — e não pela paixão, que, sendo do diabo, leva a escolhas impulsivas e caminhos errados. “Por meio do padre, tento mostrar que o amor é pacífico e eterno, enquanto a paixão é passageira e intransigente”, explica o autor.
O título Debaixo do Sol foi escolhido por estar presente no livro do Eclesiastes e remeter à passagem do tempo na vida terrestre.
Me preocupei menos com eventos externos e mais com a psicologia dos personagens”, diz o autor. “Busquei fazer do livro um romance psicológico, mostrando as transformações internas de cada um deles”.
Inspirações
Nesta obra, Rodolfo, que é católico, também destaca a dualidade entre luz e sombra, bem e mal, na personalidade dos padres. “O padre bom do livro foi inspirado no padre Paulo Ricardo, do Paraná, que eu sigo”, conta o autor. “Ele representa o lado positivo de como deve ser esse ofício”.

Formado em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), Rodolfo, de 34 anos, cita O Vermelho e o Negro, do francês Stendhal, como a principal inspiração literária para este trabalho, especialmente pela abordagem psicológica e pela construção da narrativa.
O Vermelho e o Negro me deu um norte de escrita, de história, de estrutura, de tudo”, conta o autor.
“O livro não é sobre mim, embora eu tenha passado por conflitos existenciais”, diz. “É um tema bastante presente hoje em dia pela falta de religiosidade das pessoas. Morei em São Paulo e vi muito isso, mais do que no interior, onde moro agora. Acho que o livro tem público. É uma história que fala sobre questões universais, mas de forma íntima e psicológica, qualquer leitor pode se reconhecer”. “A ideia era que cada capítulo tivesse três páginas, mas acabaram ficando com quatro ou cinco”, explica Rodolfo, que optou por capítulos curtos para se adequar aos hábitos de leitura atuais.
A importância da leitura e o próximo livro
Nesta entrevista ao Epoch Times Brasil, ele também falou sobre o desafio de escrever em um país que lê pouco. “A única certeza que sempre tive é que amo escrever. É algo que preciso fazer por mim mesmo, independente de ser lido ou não”, ressalta. “Acredito que podemos reverter a realidade brasileira se mudarmos os métodos de ensino”. “Fui aluno do professor Pierluigi Piazzi, que dizia que a única forma de nos tornarmos mais inteligentes, de acordo com o córtex do cérebro, é lendo”, acrescenta. “É preciso ler todos os dias, seja criança, adulto ou idoso. Algo simples, mas que muitas vezes não é fácil por causa da rotina. E tem que ser em folha de papel mesmo, pois isso impacta o cérebro”.
Rodolfo já pensa no próximo projeto: um livro infantil sobre o tempo e a aceitação de todas as fases da vida, com o objetivo de impactar não apenas as crianças, mas também seus pais.
Fonte: Epoch Times Brasil














