Meio ambiente

Fotógrafo faz primeiro registro de um lince-ibérico branco em Andaluzia

A anomalia genética atesta o bom andamento dos planos de conservação da espécie na Península Ibérica, cujas solturas na natureza começaram em 2011, depois de ter estado à beira da extinção

O fotógrafo amador Ángel Hidalgo conseguiu filmar e fotografar um lince-ibérico branco (Lynx pardinus) numa zona arborizada da província de Jaén, em Andaluzia, na Espanha. O encontro ocorreu no início de outubro, mas ele já vinha procurando o animal há algum tempo, depois de o ter avistado numa das armadilhas fotográficas que tinha instalado na área. “Foram apenas dois segundos, mas dava para ver que a sua coloração era diferente do habitual, com tons castanhos e manchas escuras”, falou ao jornal El País.
Embora não tenha sido amplamente divulgado, este indivíduo é conhecido pelo programa de recuperação do lince-ibérico na Andaluzia: é uma fêmea chamada Satureja, nascida em 2021, explica Javier Salcedo, coordenador do plano de recuperação da espécie na região. Ela nasceu com coloração normal, mas há algum tempo adquiriu a pelagem branca que destaca as manchas típicas do lince. A mudança na pigmentação não afetou o comportamento dela, que se alimenta normalmente e já teve várias ninhadas.

Não é albinismo nem leucismo, e estamos investigando o que pode ter acontecido. Acreditamos que possa estar relacionado à exposição a algum fator ambiental”, explica Salcedo. Os pesquisadores ainda não sabem o que pode ser esse fator, mas o que eles observam é que a mudança ocorreu na melanina que produz a pigmentação marrom e laranja, e não no outro pigmento responsável pela pigmentação escura, “porque ele mantém o padrão característico de manchas pretas da espécie”.

O Governo Regional da Andaluzia documentou mais um caso de uma fêmea de lince que apresentou o mesmo fenômeno que Satureja. Ela nasceu com a coloração marrom e laranja típica da espécie e, em seguida, mudou de cor, ficando branca, antes de recuperar sua aparência habitual. Ambas as fêmeas são da mesma região e, embora não tenha sido confirmado, podem ser parentes, mesmo que estejam em locais diferentes.

Isso pode indicar a existência de algum tipo de hipersensibilidade”, acrescenta Salcedo. “Detectamos este caso porque realizamos um monitoramento rigoroso dos linces, mas isso pode acontecer com outras espécies sem que percebamos”, alerta.

Em 2024, a população de linces-ibéricos atingiu 2.401 indivíduos, um aumento de 19% em comparação com o ano anterior, segundo o último censo. O número de fêmeas reprodutoras subiu para 470, aproximando-se das 750 consideradas essenciais para que a espécie alcance um estado de conservação favorável.

Fonte: Um Só Planeta

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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