Mortes de golfinhos no Amazonas acendem alerta ecológico

Centenas de golfinhos da Amazônia foram encontrados mortos nas margens de lagos e rios em 2023
Mais de cem golfinhos foram encontrados mortos em lagos e rios da Amazônia brasileira durante o outono de 2023, conforme repercute a Reuters. O fenômeno, que se desenrolou nas regiões de Tefé e Coari, despertou preocupações entre pesquisadores e órgãos ambientais. Em algumas praias de rios e lagos, os animais apareceram deixados à beira da água, enquanto pescadores relataram que a população de cetáceos parecia estar diminuindo.
A principal hipótese apurada por especialistas é o impacto do calor extremo aliado à seca prolongada. Em alguns pontos, a temperatura da água excedeu os 39 °C, enquanto o nível dos lagos mergulhou, restringindo os espaços de circulação dos golfinhos‐rosa e de outras espécies aquáticas. Com a redução da zona de dispersão e o aquecimento, houve aumento do estresse térmico nos animais, o que favorece doenças, choque térmico ou até morte indireta pelo colapso do ecossistema local.
Também foram identificados fatores que podem ter agravam a situação: a redução do volume de água concentrou os golfinhos em áreas menores, aumentando a competição por alimento e o risco de capturas acidentais por redes de pesca. Algumas necropsias apresentaram sinais de interação humana, como marcas de arpão ou presas. Esse cenário evidencia a combinação entre estresse ambiental e pressão antropogênica.
O incidente mobilizou institutos de pesquisa, ONGs e órgãos do governo, que esperam concluir exames toxicológicos, análises de oxigênio da água e levantamento de patógenos para esclarecer o que levou ao evento em larga escala. Ainda que não se descarte contaminação por algas ou substâncias químicas, o consenso temporário aponta para o aquecimento das águas como principal motor da tragédia.
O episódio serve como alerta para a fragilidade dos ecossistemas aquáticos amazônicos diante das mudanças climáticas. A demora na resposta à deterioração ambiental, junto à falta de acesso rápido às populações ribeirinhas, agrava o risco de eventos similares. Para pesquisadores, o caso dos golfinhos‐rosa revela algo mais amplo: as espécies adaptadas a ambientes fluviais tropicais enfrentam novos limites à resiliência que exigem atenção e ação imediata.
Fonte: Aventuras na História









