Tecnologia & Inovação

Mapa mostra o avanço da Covid-19 em Terras Indígenas brasileiras

Após o primeiro caso de infecção confirmado entre indígenas, a plataforma foi lançada para monitorar a situação de aldeias e pedir por políticas públicas de proteção

A pandemia do novo coronavírus já atingiu países do mundo todo, inclusive o Brasil. No entanto, nosso País apresenta grandes desafios para conter a doença, sobretudo entre povos indígenas, que sofrem com situação de vulnerabilidade social e econômica, além de dificuldade logística de comunicação e acesso aos territórios.
Na quinta-feira (2), foi confirmada a primeira morte de uma indígena em decorrência da Covid-19, uma senhora de 87 anos, da etnia Borari, morreu em Alter do Chão (PA). Além dela, uma jovem de 20 anos da etnia Kokama já testou positivo para a infecção e está em isolamento em Santo Antônio do Içá (AM).
Mirando no fortalecimento de políticas públicas emergenciais às aldeias, o Instituto Socioambiental (ISA) lançou na sexta-feira (3) uma plataforma on-line e interativa que monitora o avanço do Sars-Cov-2 em municípios próximos a Terras Indígenas e entre seus povos.
O site covid19.socioambiental.org reúne em um mapa as principais bases de dados sobre a doença e a estrutura de saúde do Brasil. Nele, é possível verificar, por região, os dados de pessoas infectadas pelo vírus, o número de habitantes da comunidade indígena no local e sua taxa de mortalidade. Além disso, a plataforma mostra a disponibilidade de leitos médicos e respiradores em todos os municípios brasileiros.

A expansão da Covid-19 apresenta desafios ao nosso sistema social e de saúde. É preciso que o Estado brasileiro utilize informações como essas e esteja preparado para a detecção precoce, inclusive para combater [a pandemia] ao detectar situações de risco

Os organizadores do projeto também lembram que viroses respiratórias foram vetores de genocídio indígena em diversos momentos da história do País. Um exemplo é a varíola, que dizimou dezenas de indígenas que entraram em contato com colonizadores que chegaram ao Brasil no século 16. Para quem quiser conhecer mais sobre essas epidemias, o portal disponibiliza uma linha do tempo que apresenta as informações históricas de forma simples e fácil de entender.
“As vulnerabilidades dos povos indígenas reforçam a necessidade de ações emergenciais dos órgãos e entes públicos, como a Secretaria Especial de Saúde Indígena, União, Estados e Municípios, sobretudo na prevenção da disseminação da doença entre os povos indígenas, mas também na garantia do pleno atendimento, evitando a ocorrência de ‘pontos cegos’ e a evolução dos casos eventualmente constatados decorrente da demora no atendimento”, afirma Antônio Oviedo, pesquisador do ISA, segundo o site do projeto.

No site é possível conhecer a história de epidemias que dizimaram povos indígenas desde 1500, como a varíola, por exemplo (Foto: Reprodução)

A preocupação das entidades é do novo vírus se disseminar entre os índios, já que eles moram em malocas compartilhadas por várias famílias, sem divisórias entre os espaços, o que facilitaria uma possível contaminação em massa. Além disso, nas aldeias há dificuldade de acesso a itens como sabão e álcool em gel — itens essenciais de higiene que previnem o contágio.
Por enquanto, a principal estratégia da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) é de impedir a circulação entre cidades e aldeias. A entrada de não indígenas em Terras Indígenas está restrita apenas a viagens essenciais relacionadas com saúde e alimentação. Já os membros das tribos que estavam na cidade quando a doença começou a se espalhar foram orientados pelos profissionais da saúde a permanecer longe das aldeias ou realizar quarentena antes de retornar para suas comunidades.
“A expansão da Covid-19 apresenta desafios ao nosso sistema social e de saúde. É preciso que o Estado brasileiro utilize informações como essas e esteja preparado para a detecção precoce, inclusive para combater [a pandemia] ao detectar situações de risco”, pondera Oviedo.

Fonte: Galileu.com

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