Cientistas descobrem mutações genéticas que reduziriam expectativa de vida
Estudos mostraram que variantes de DNA podem influenciar o processo de envelhecimento: cada uma dessas mutações diminuiria o tempo de vida em até seis meses
Cientistas descobriram que mutações raras presentes nas células de algumas pessoas podem diminuir seu tempo de vida. O estudo foi resultado dos esforços de cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e da empresa russa Gero LLC, e foi publicado no dia 24 de abril no eLife.
Os genes de uma pessoa não estabelecem sua expectativa de vida (dieta e hábitos, por exemplo, têm papel mais importante nisso). Ainda assim, o estudo mostra que essas variantes de DNA podem influenciar o processo de envelhecimento: cada uma dessas mutações pode reduzir a expectativa de vida em até seis meses, estimam os pesquisadores.
Segundo os biólogos que participaram do estudo, menos de um terço dessa influência é resultado de genes hereditários. Isso significa que as outras mutações genéticas são provenientes de fatores ambientais, como danos causados pelo sol, exposição a produtos químicos e outros danos que criam milhares de mutações aleatórias.
A busca por essas mutações raras, encontradas em menos de uma em cada 10 mil pessoas, foi baseada no UK Biobank, um banco de dados público que contém os genótipos de cerca de 500 mil voluntários. Usando mais de 40 mil desses códigos genéticos, a equipe procurou correlações entre pequenas mudanças no DNA e as condições de saúde apresentadas pelas pessoas.
Os pesquisadores concluíram que, em média, cada pessoa nasce com seis dessas variantes raras que podem diminuir a vida útil e seu tempo saudável antes de desenvolver doenças graves. Isso significa que quanto mais mutações, maior a probabilidade da pessoa desenvolver uma condição relacionada à idade ou morrer antes do esperado. “A combinação exata é importante, mas, em geral, cada mutação diminui a vida útil em seis meses e a ‘saúde’ em dois meses”, afirmou Vadim Gladyshev, coautor do estudo, à Science.
Os resultados corroboram uma antiga tese que defende os genes hereditários como fator importante quando o assunto é envelhecimento e expectativa de vida. Ainda assim, eles acreditam que a descoberta pode ajudar os pesquisadores a focarem seus estudos em outras variáveis, como idade e sexo.
Gladyshev destaca, entretanto, que os resultados são potencialmente controversos, pois minimizam a contribuição de mutações “somáticas” (causadas por fatores ambientais) adquiridas ao longo da vida. “[Todos os genes] contribuem para o processo de envelhecimento, mas por si próprios não o causam”, observou.
Fonte: Revista Galileu