Método inovador permite salvar pulmões danificados antes de transplante
Técnica de circulação cruzada entre órgãos e animais permite recuperar e habilitar pulmões antes que sejam transplantados
Pesquisadores das Universidades Columbia e Vanderbilt, ambas nos Estados Unidos, desenvolveram um método para recuperar pulmões gravemente comprometidos e habilitá-los para transplante. A descoberta foi publicada nesta segunda-feira (13) no periódico científico Nature Medicine.
Atualmente, um método conhecido como perfusão pulmonar ex-vivo (EVLP, na sigla em inglês) é usado para fornecer suporte pulmonar fora do corpo e recuperar órgãos de doadores. Esta técnica, entretanto, pode ser utilizada por só até oito horas, período muito curto para recuperar pulmões danificados.
O novo sistema apresentado pelos cientistas norte-americanos dá mais tempo aos médicos graças a uma técnica de circulação cruzada do sangue entre o pulmão do dador e um hospedeiro animal. No teste, realizado com órgãos que já haviam sido descartados, o método foi utilizado ao longo das 24 horas e resultou em melhoras substanciais em viabilidade celular, qualidade do tecido, respostas inflamatórias e função respiratória.
“Conseguimos recuperar o pulmão que não havia se recuperado no sistema de perfusão pulmonar clínica ex-vivo, que é o atual padrão de atendimento”, afirmou Gordana Vunjak-Novakovic, que liderou o estudo, em comunicado. “Esta foi a validação mais rigorosa de nossa plataforma de circulação cruzada até o momento, mostrando grande promessa por sua utilidade clínica”.
O pulmão doado utilizado nos experimentos demonstrava inchaço persistente e acúmulo de líquidos, problemas que não puderam ser resolvidos a tempo de um transplante e, então, o órgão foi disponibilizado para pesquisa. No momento em que a equipe recebeu o pulmão, ele já havia passado por dois períodos de isquemia que totalizavam 22 horas e meia, e mais cinco horas de tratamento clínico com EVLP. Felizmente, após 24 horas de circulação cruzada, o órgão mostrou recuperação funcional.
Os pesquisadores enfatizam que mais estudos precisam ser feitos antes que a circulação cruzada se torne uma realidade clínica, mas eles estão otimistas de que esse trabalho terá aplicações práticas no futuro. “Como cirurgião de transplantes de pulmão, tenho visto muitos pacientes não receberem órgãos dos quais precisavam desesperadamente”, comentou Zachary Kon, diretor do Programa de Transplante de Pulmão da Universidade de Nova York, que não participou do estudo. “Acho este trabalho intrigante e espero que esta tecnologia disponibilize mais pulmões de doadores”.
Fonte: Revista Galileu