Estudo revela nanopartículas que tornam artrópodes resistentes à água
Cientistas acreditam que pesquisa pode ajudar no desenvolvimento de equipamentos de proteção individual (EPIs) contra o novo coronavírus
Investigando a superfície de artrópodes, pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, detectaram uma nanoestrutura que serve como revestimento e torna alguns destes animais mais resistentes à água. Os cientistas acreditam que sua descoberta pode servir para aprimorar os equipamentos de proteção individual (EPIs) utilizados por profissionais da saúde, aumentando sua eficácia — inclusive contra o novo coronavírus.
Segundo o artigo, publicado pelos pesquisadores na sexta-feira (17) na Science Advances, grande parte do material hidrofóbico (ou resistente à água) existente hoje foi desenvolvido a partir de substâncias vegetais. Tradicionalmente, as coisas à prova d’água são fabricadas com materiais de baixa fração sólida, que mantêm uma camada extremamente fina de ar acima de uma baixa quantidade de nanoestruturas microscópicas semelhantes a “cabelinhos”. “O raciocínio é que, se a gota ou o objeto estiver flutuando no ar, não ficará preso à superfície [do material]”, explicou Tak-Sing Wong, coautor do estudo, em comunicado.
A nova abordagem, entretanto, foi criada a partir da análise microscópica de estruturas corporais hidrofóbicas comuns em artrópodes, como os olhos de um mosquito, o corpo de um colêmbolo e as asas de uma cigarra. Os cientistas descobriram que os “cabelinhos” nanoscópicos nessas superfícies são muito densamente compactados — um tipo de material classificado com alta fração sólida.
Os cientistas acreditam que esse material pode ser explorado para a criação de superfícies mais resistentes à força e à velocidade dos líquidos. “Para os artrópodes, repelir as gotas de água é uma questão de vida ou morte. A força de impacto das gotas de chuva é suficiente para jogá-los no chão e matá-los”, disse Lin Wang, coautor da pesquisa. “Então, é realmente importante que eles permaneçam secos — e nós descobrimos como [fazem isso]”.
EPIs
Os pesquisadores esperam aplicar este princípio de design para revestir os mais diversos objetos, desde pequenos robôs e aviões, até pacotes de encomendas e equipamentos de proteção pessoal (EPIs). Mais imediatamente, seu objetivo é ajudar a desenvolver máscaras, vestimentas e luvas para proteger profissionais da saúde durante a pandemia de Covid-19.
“Se alguém espirra em torno de um escudo facial, por exemplo, as gotículas [liberadas têm] alta velocidade. Com um revestimento tradicional, essas partículas podem grudar na superfície do EPI”, explicou Wong. “No entanto, se os princípios de projeto detalhados neste artigo forem adotados com sucesso, [a máscara] seria capaz de repelir essas gotículas muito melhor e potencialmente manter a superfície livre de germes”.
Fonte: Revista Galileu