Método pode reduzir incidência de dengue em até 77%, mostra estudo
Técnica testada na Indonésia envolve bactérias do gênero Wolbachia, que impedem a transmissão do vírus da dengue por mosquitos
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, realizaram testes que podem ajudar a controlar doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue, que é disseminada pelo Aedes aegypti. Testado por 27 meses na cidade de Yogyakarta, Indonésia, o método de prevenção estudado envolve bactérias do gênero Wolbachia, que tem o papel de evitar a transmissão de vírus por picadas de mosquitos.
Segundo os pesquisadores, o método também pode diminuir a incidência de doenças como zika, chikungunya e febre amarela. O estudo foi realizado na Indonésia por se tratar de um país que apresenta cerca de sete milhões de casos de dengue por ano.
Para realizar o estudo, os cientistas dividiram o município de Yogyakarta em 24 áreas e liberaram mosquitos infectados com Wolbachia em metade dessas regiões, escolhidas aleatoriamente.
Assim, a equipe analisou 8.144 casos de dengue em indivíduos de três a 45 anos e trabalhou com todas as clínicas médicas para identificar em qual das regiões esses pacientes moravam ou haviam visitado nos últimos 10 dias. Como resultado, eles descobriram a ocorrência de dengue em áreas onde mosquitos com Wolbachia eram predominantes havia reduzido em 77%. Isso porque as bactérias Wolbachia não demonstram qualquer perigo a humanos ou aos próprios insetos, apenas atuam no bloqueio da transmissão do vírus causador da dengue.
“Os resultados promissores mostram o impacto significativo que o método Wolbachia pode ter na redução da dengue em populações urbanas”, afirma, em nota, Adi Utarini, coautor da Universidade de Gadjah Mada, na Indonésia.
“É um grande avanço”, disse Nicholas Jewell, líder da pesquisa. “Agora mostramos que [o método] funciona em uma cidade. Se isso puder ser replicado e usado amplamente, poderá erradicar a dengue em várias partes do mundo por muitos anos”.
O próximo passo é tratar o restante de Yogyakarta e erradicar a dengue no local. Além disso, também será possível dimensionar o trabalho para outras partes do mundo e grandes populações urbanas. “Este é o resultado que esperávamos. Temos evidências de que nosso método Wolbachia é seguro, sustentável e reduz a incidência de dengue”, ressaltou o diretor do World Mosquito Program, Scott O’Neill, da Universidade de Monash.
Fonte: Revista Galileu