Encontrado par de estrelas massivas envolto por vapor de água salgada
Astrônomos identificaram moléculas de cloreto de sódio e água aquecida no disco de formação das estrelas IRAS 16547-4247, localizadas a 9,5 mil anos-luz da Terra
Usando o radiotelescópio Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (Alma), uma equipe internacional de astrônomos avistou um par de jovens estrelas massivas circundado por um disco gasoso que inclui moléculas de cloreto de sódio (o famoso sal de cozinha) e vapor de água aquecida. Esta é a segunda vez que cloreto de sódio é detectado em torno de estrelas jovens, indicando que, apesar de rara no Universo, a substância pode ser um importante marcador para identificar regiões onde estrelas gigantes nascem.
“O primeiro exemplo [de detecção de cloreto de sódio ao redor de estrelas gigantes] foi em torno da Fonte I da Orion KL, mas essa é uma fonte tão peculiar que não tínhamos certeza se o sal é adequado para ver discos de gás ao redor de estrelas massivas”, explica Kei Tanaka, líder do estudo e pesquisador do Observatório Astronômico Nacional do Japão, em nota à imprensa. “Nossos resultados confirmaram que o sal é realmente um bom marcador”.
Segundo os pesquisadores, a presença de vapor d’água aquecida e cloreto de sódio se deve ao processo de destruição de partículas de poeira durante a formação das estrelas. Esse fenômeno também sugere a natureza quente e dinâmica dos discos que circundam jovens estrelas massivas.
O estudo, publicado em agosto na The Astrophysical Journal Letters, dá novas pistas sobre o processo de formação de estrelas massivas, como são chamados os astros que são mais de 10 vezes maiores do que o nosso Sol. Em geral, esses “berçários” estelares são de difícil observação por estarem muito distantes da Terra e também por serem cercados por nuvens massivas com estruturas complexas. Através de emissões de rádio, porém, os cientistas conseguiram identificar uma grande variedade de moléculas vindas de IRAS 16547-4247.
Além da presença de cloreto de sódio (NaCl) e água aquecida (H2O), eles também detectaram acetonitrila (CH3CN) em partes mais distantes das estrelas binárias, que são chamadas de IRAS 16547-4247 e estão localizadas a 9,5 mil anos-luz de nós, na constelação de Escorpião. Estima-se que elas tenham a massa de 25 sóis, enquanto a nuvem que está ao seu redor é 10 mil vezes mais massiva que o Sol.
Outra curiosidade sobre a dupla estelar é que seus discos de formação rotacionam em direções opostas. De acordo com os especialistas, isso pode indicar que elas não se formaram ao mesmo tempo, como se fossem “gêmeas”, mas sim separadamente, em nuvens distintas, e se aproximaram mais tarde. Futuras pesquisas devem explicar a origem dessa formação. Com a nova geração do Very Large Array, ainda em desenvolvimento, astrônomos poderão rastrear melhor as moléculas liberadas no processo de formação de estrelas massivas e até obter pistas para compreender a formação do nosso próprio Sistema Solar.
Fonte: Revista Galileu