O mimimi nosso de cada dia

Texto: *Nágela Isa Carneiro Sirqueira

A arte da reclamação, infelizmente, não é para poucos. A maioria das pessoas sempre tem algo do que se queixar. E ainda pior, se vitimizar perante as circunstâncias da vida. A culpa sempre é do governo, do patrão, da mãe, do marido ou da esposa… raramente percebemos e assumimos nossas próprias responsabilidades sobre o que acontece. E, muitas vezes, nos sentimos tão inferiores ou desvalorizados que caímos na mesma lamúria, buscando atenção ou piedade.
Essa é a pior atitude que podemos escolher, se nosso desejo é crescer e nos tornarmos autossuficientes. A queixa, a reclamação, o famoso mimimi, surte o efeito contrário nesse aspecto. Além de fazer a pessoa mimizenta se tornar uma péssima companhia.
Quando reclamamos de algo, declaramos que aquilo é uma verdade absoluta e caminhamos sempre em direção a ela. Dia após dia reafirmando sua presença em nossa vida. Isso retira nossa autonomia sobre nós mesmos e permanecemos na zona de conforto, sem agir para mudar o contexto em que vivemos.
Se o mimimi busca que as pessoas se compadeçam ou que autentiquem sua dor, só demonstra a atitude vitimista, fazendo com que os outros a olhem realmente como uma pessoa fraca, coitada, desfavorecida. Mas o que isso agrega à sua vida? Pode ser duro ouvir isso, mas a verdade é que os outros não se importam com suas dores, porque estão dando conta das suas próprias vidas, superando suas dificuldades, vencendo os próprios demônios. E, quando se importam, pouco podem fazer para mudar isso. A única pessoa que pode realmente fazer mudanças significativas em sua vida, é você mesmo.
Imagine uma pessoa que vive em dificuldade, sem muita perspectiva de vida, cheia de dívidas e sempre se queixa sobre isso, na tentativa de extravasar o que sente e obter o olhar de compaixão de alguém. De repente, alguém resolve ajudar. Reforma sua casa, lhe consegue um emprego e oferece sua amizade. Se essa pessoa não mudar a forma de agir, modificar suas emoções e pensamentos, em pouco tempo sua casa vai estar arruinada, ela vai perder o emprego e as dívidas ficarão ainda maiores.
Isso porque, nada nem ninguém pode transformar sua vida, sem que ela faça isso por si mesma. Os motivos das reclamações serão outros, ela vai novamente gastar mais do que recebe e os problemas só vão mudar de forma e dimensão.

O mimizento tem sempre um problema para cada solução. É uma pessoa rude, julgadora, vitimista, mas sempre cheia de razão. Não tem como argumentar com pessoas assim. Você mostra uma solução e ela tem sempre um “sim, maaas…”
Se torna uma companhia pesada, que não consegue dialogar e faz todos os encontros se tornarem indigestos. Nada nunca está bom, ninguém pode discordar e ela quer sempre ser o centro das atenções.
Sabe aquelas pessoas que querem disputar quem sofre mais? Quando alguém quer desabafar e conversar sobre alguma dificuldade, ao invés de ouvir e acolher, ela vem logo com “Nossa, eu te entendo, mas meu problema é muito maior…”
Essa também é uma característica do mimizento. Além de tudo, é uma pessoa egoísta. Não consegue olhar além do próprio umbigo e sempre enfatiza suas próprias dores.
O que as pessoas precisam entender, é que dificuldades sempre existirão. O segredo é saber levar a vida com mais suavidade, buscar fazer mais pelos outros, e agir para mudar a realidade que vive. A reclamação sem ação, é só mimimi, e não traz nenhum resultado além de uma atenção negativa e enfadada das pessoas.
Manter o otimismo não é negar as dificuldades, mas fortalecer o estado emocional para conseguir agir de forma objetiva e eficaz diante dos desafios diários. Inteligência emocional é a chave!