Cientistas encontram pistas sobre dieta de povos pré-colombianos no Brasil
Pesquisadores da Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha, analisaram artefatos e ossos de pessoas que viveram nos arredores do Maranhão há entre 1.000 e 1.800 anos atrás
Uma nova pesquisa liderada pela Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha, revelou evidências de como era a dieta das pessoas que viviam ao longo da costa amazônica brasileira entre 1.000 e 1.800 anos atrás. O estudo foi publicado na última terça-feira (6) no Scientific Reports e contou com a participação de dois cientistas do Brasil.
Para a pesquisa, os especialistas avaliaram artefatos e ossos encontrados em sítios arqueológicos no Maranhão. A análise revelou que, apesar da proximidade com os recursos marinhos e as evidências de pesca, a dieta dos pré-colombianos que viviam naquela região era baseada, principalmente, em plantas e animais.
“Os resultados questionam a suposição generalizada de que os peixes eram o principal componente econômico e a maior fonte de proteína entre as populações pré-colombianas que viviam nas proximidades de ambientes aquáticos nas terras baixas da Amazônia”, afirmou André Colonese, um dos pesquisadores, em declaração.
Os cientistas encontraram evidências do consumo de animais, como paca, caviar, cutia, veado-do-mato e bagre, e de plantas silvestres e cultivadas, como mandioca, milho e abóbora. Para os estudiosos, a descoberta sugere que essas populações dedicaram esforços consideráveis à caça, ao manejo florestal e ao cultivo de plantas.
“Nosso estudo fornece informações quantitativas sem precedentes sobre até que ponto categorias distintas de alimentos de sistemas agroflorestais atenderam às necessidades calóricas e proteicas das populações da Amazônia pré-colombiana”, observou Colonese.
“[Ele] corrobora o crescente consenso de que essas economias de subsistência diversificadas alimentaram transformações culturais, demográficas e ambientais na bacia amazônica oriental durante [aquele período]”.
Crédito da foto de capa: André Colonese/Universidade Autônoma de Barcelona
Fonte: Revista Galileu