Política

A Vale e os seus rastros de destruição

Os índios tupiniquins da TI Comboios e aldeia Córrego do Ouro, em Aracruz, tomaram a ferrovia da Vale que corta a comunidade em protesto contra a Fundação Renova e a mineradora, por causa dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG) e que prejudicou toda a população do entorno do rio Doce.
De acordo com as lideranças do movimento, as razões do protesto são o descaso da Fundação Renova, a falta de diálogo e de compromisso da instituição com a inclusão de novas famílias ao pagamento do auxílio financeiro emergencial (AFE) e pagamento de indenização por lucros cessantes, de direito dos povos indígenas pelo impacto do rompimento da Barragem de Fundão.
Para piorar ainda mais a situação dos atingidos, que não são poucos, no início do mês a Fundação Renova rescindiu o Acordo de Cooperação Técnico-Científica firmado com a Fundação Espírito-santense de Tecnologia (Fest), vinculada à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), para executar o Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática (PMBA), estabelecido na cláusula 165 do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), firmado pela Samarco, a Vale e a BHP Biliton, em março de 2016 com a União, os estados do Espírito Santo e de Minas Gerais, além de órgãos ambientais federais e estaduais.

Índios protestam contra a Vale (Foto: Divulgação)

Segundo pesquisadores, os índices de contaminação estão muito acima do determinado pelas legislações específicas em diversas matrizes ambientais e, por isso, exige vigilância técnica permanente.

O desastre

O rompimento da barragem “Fundão”, ocorreu na tarde de 5 de novembro de 2015, no subdistrito de Bento Rodrigues, a 35 km do centro do município de Mariana, Minas Gerais. Controlado pela Samarco Mineração S.A., o complexo de barragens trata-se de um empreendimento conjunto das maiores empresas de mineração do mundo, a brasileira Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton.
Considerado por muitos um crime e não um desastre, o rompimento causou o maior impacto ambiental da história brasileira e do mundo envolvendo barragens de rejeitos, com um volume total despejado de 62 milhões de metros cúbicos. A lama chegou ao rio Doce, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, muitos dos quais abastecem sua população com a água do rio.

Anos após tragédia, manchas de minério ainda ressurgem na foz do Rio Doce (Foto: Estado de Minas)

Ambientalistas consideram que o efeito dos rejeitos no mar continuará por pelo menos mais cem anos, mas não houve uma avaliação detalhada de todos os danos causados pelo desastre. Segundo a prefeitura do município de Mariana, a reparação dos danos causados à infraestrutura local deverá custar cerca de cem milhões de reais.
Os fatos comprovam, nunca saímos da condição de colônia… Estou errado!?

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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