Cresce o número de adoção de cães na pandemia, mas abandono também aumenta
Texto: Aline Doano
Se por um lado a solidão provocada pelo isolamento do coronavírus incentivou pessoas e famílias a adotarem um pet, do outro, a desinformação sobre a doença fez com que alguns, com medo de contágio, preferissem abandonar o animal de estimação. Por todo o Brasil, notícias e pesquisas apontam um aumento médio de 50% na procura por cães de companhia em 2020. O tempo livre, resultado do isolamento, favoreceu quem estava à espera de uma oportunidade para ter um cão. Até quem não tinha planos de adotar um cachorro se rendeu à companhia do mundo animal como forma de distração.
Salvas as devidas proporções, adotar um cachorro pode ser comparado a ter um filho. É importante conhecer as demandas em torno da criação do animal, e analisar se as despesas originárias do novo membro da família cabem no orçamento.
Um cão necessita de vacinas, alimentação, medicação, suplementação, veterinário em caso de doenças, brinquedos, banhos regulares e acessórios que facilitam a rotina de cuidados. O tempo é outro recurso imprescindível que o tutor precisa ter ao adotar um cãozinho. Cada raça tem uma personalidade específica e diferentes tipos de dedicação, como: passeios, carinho e atenção, adestramento, criação de rotina, brincadeiras e os cuidados diários que também requerem tempo e disciplina.
É preciso levar em conta se o retorno do novo normal vai impactar na manutenção dos cuidados com o cão. Estudiosos do assunto temem que adoções sem planejamento resultem em abandonos após a pandemia, refletindo nos indicadores de abandono por desinformação e medo.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal, não há justificativa para tomar medidas contra animais de companhia que possam comprometer seu bem-estar. Cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) anunciaram a descoberta de um vira-lata e um buldogue francês que testaram positivo pelo exame molecular de RT-PCR. No entanto, eles não apresentaram sintomas da Covid-19, nem transmitiram para humanos. Não há, até o momento, nenhuma indicação da transmissão da Covid-19 dos animais para humanos, apenas o contrário.