Tecnologia & Inovação

Tinta resfria superfícies e pode substituir ar-condicionado

Tinta criada por pesquisadores americanos pode reduzir o calor em construções e ajudar a combater aquecimento global

Engenheiros da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, criaram uma tinta branca capaz de resfriar superfícies em até 8°C, fazendo isso sem o uso de eletricidade. De acordo com os pesquisadores, a tinta poderia substituir o uso do ar-condicionado ao deixar de absorver a energia e o calor provocado pelo sol. E sem o aquecimento provocado pelo sol na superfície das construções, não seria necessário ligar o equipamento para manter o interior resfriado.
“Pode parecer muito improvável que uma superfície em contato direto com a luz do sol tenha uma temperatura mais baixa do que a mostrada nos termômetros para determinada área, mas estamos mostrando que isso é possível”, explica Xiulin Ruan, professor de Engenharia Mecânica na Universidade Purdue.
Além de afastar o calor das superfícies, a tinta pode contribuir no combate ao aquecimento global já que ajuda a diminuir a absorção de calor na atmosfera. “Nós não estamos apenas transferindo o calor da superfície para a atmosfera, mas afastando este aquecimento da nossa atmosfera”, garante outro pesquisador, o pós-doutorando do Instituto Massachusetts de Tecnologia, Xiangyu Li.
A superfície da terra pode se resfriar com o uso desta tecnologia se a tinta fosse aplicada em uma variedade de construções, incluindo coberturas de edifícios, carros, estradas e telhados em todo o planeta, defendem os cientistas. Em um artigo publicado pelo periódico Cell Reports Physical Science, os pesquisadores mostram que, em comparação com uma tinta branca tradicional, a tinta criada na Universidade Purdue mantém a temperatura mais baixa em uma superfície com incidência de luz solar direta graças à reflexão dos raios ultravioleta.

Uma câmera infravermelha mostra que a tinta branca criada pelos engenheiros pode manter uma superfície mais fria do que a mesma área pintada com tinta convencional (Foto: Universidade Purdue/Joseph Peoples)

Algumas tintas disponíveis no mercado hoje prometem diminuir o calor nas superfícies, mas estes produtos refletem apenas de 80% a 90% da luz solar e não são capazes de fazer com que as temperaturas caiam mais do que a temperatura ambiente. Já a tinta desenvolvida pelos pesquisadores pode refletir até 95,5% da luz solar e é capaz de dispersas o calor infravermelho.
Para que esta tecnologia fosse desenvolvida foram necessários seis anos de pesquisa e testes. Os cientistas analisaram mais de 100 combinações entre diferentes materiais, escolheram as 10 melhores alternativas e então testaram mais 50 outras variações para cada material. A combinação final tem em sua fórmula carbonato de cálcio, um componente abundante na superfície terrestre e facilmente encontrado em rochas e conchas marinhas.
Com este componente, a tinta final tem os mesmos resultados estéticos que as tintas tradicionais, mas com a diferença de resfriar significativamente as superfícies pintadas. O carbonato de cálcio absorve quase todos os raios ultravioletas por conta de sua estrutura atômica e também tem uma variedade de partículas com diferentes tamanhos o que faz com que a tinta se espalhe bem em superfícies com diferentes texturas.

O pesquisador Joseph Peoples usa uma câmera infravermelha para avaliar os resultados de duas amostras de tinta em uma cobertura (Foto: Universidade Purdue/Jared Pike)

De acordo com os engenheiros, a produção da tinta é mais barata do que a fabricação das tintas comerciais e seu uso se torna ainda mais econômico ao poupar o uso do ar-condicionado — e da energia elétrica necessária para o equipamento. “Esta tinta praticamente substitui o ar-condicionado ao refletir os raios solares e diminuir o calor absorvido pelo interior das construções”, afirma Joseph Peoples, doutorando em Engenharia Mecânica na Universidade Purdue e um dos autores do estudo.
Ao diminuir o uso do ar-condicionado, a tinta também ajuda a evitar o consumo de energia elétrica e, consequentemente, de recursos naturais. De acordo com Joseph Peoples, ainda estão sendo realizados estudos para mensurar todos os benefícios da tecnologia. A fórmula original foi patenteada e agora os pesquisadores estão trabalhando em desenvolver outras cores para a tinta, com os mesmo benefícios da tinta branca que eles criaram.

Foto de capa: Universidade Purdue/Jared Pike

Fonte: CicloVivo

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