Quem disse que lugar de mulher é em casa?
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) 2019, o número de mulheres no Brasil é superior ao de homens. A população brasileira é composta por 48,2% de homens e 51,8% de mulheres.
Em menor número no campo político, elas mostram ser mais focadas, comprometidas e sensíveis às causas sociais. No lar, diariamente estão sempre de prontidão para as obrigações, que não são poucas, e no mercado de trabalho marcam presença em todos os setores da indústria, do comércio e de serviços.
Nas faculdades e universidades, há tempos são maioria. Matéria publicada em março deste ano no portal do Fatos & Notícias relata que a quantidade de doutoras tituladas a cada ano cresceu 61% de 2013 a 2019, último com dados fechados e compilados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O número passou de 8.315 para 13.419 na série histórica analisada, e sempre esteve à frente do de homens, que foi de 7.336 para 11.013 no mesmo período.
Essa realidade vem acontecendo também no esporte de competição e de lazer. Prova disso é o que acontece todos os finais de semana na Arena Esportiva Espaço 10, em Jacaraípe, onde criteriosamente elas marcam presença treinando e mantendo a forma física e mental, jogando futevôlei, frescobol, futebol e vôlei. O espaço é realmente democrático, como explicam as entrevistadas.
Daisy Paganini, sensação do último final de semana, brincava de futevôlei com os rapazes e, com muita habilidade e controle de bola, mostrou que não existe modalidade que a mulher não possa praticar. No meio de rapazes experientes, Daisy tranquilamente mostrava sua intimidade com a redonda. Moradora de Guarapari, ela disse gostar do Espaço 10 pela estrutura. “Gosto dessa arena e pratico futevôlei há três anos, mas também gosto de surfar e jogar frescobol e pingue–pongue… Sou amante do esporte. Em Guarapari tem uma arena na Praia do Morro e outra no centro da cidade e só eu e uma amiga que jogamos futevôlei. Por sermos minoria, os meninos de lá controlam o espaço e só deixam a gente jogar uma vez ou outra, muito diferente daqui, onde treinam de forma mista ou semimista, a galera aqui é mais acessível”, elogiou.
Simone Magna, formada em logística, é jogadora de frescobol e de vôlei de areia e acha interessante que as meninas venham frequentando modalidades que não eram muito comuns à presença feminina, ela diz que Daisy está rompendo preconceitos jogando futevôlei. “Estamos evoluindo, podemos trazer outras pessoas para praticar as modalidades que o Espaço 10 oferece. Precisamos trazer jovens para acontecer a renovação que é essencial para as modalidades esportivas que antes eram exclusivas dos homens. É legal essa interação entre meninos e meninas. O frescobol está carente de mulheres, temos que incentivar a mulherada… Esporte é saúde para o corpo e para a alma!”. A parceira de Simone, Telma Honorato, professora, 56 anos, mais conhecida como Timinha, disse achar a mesma coisa “o esporte deve ser prioridade na vida de todo mundo porque é sinônimo de saúde, aqui no Espaço 10, a gente brinca, socializa e bate-papo com os vários amigos… eu diria que trata-se de um encontro de famílias”.
Para Suellen Gerônimo Cordeiro, doutoranda em Química na Ufes, 31 anos, praticar algum tipo de esporte significa viver mais e com qualidade. “Corro e patino nos tempos livres, frequento academia e comecei a jogar frescobol. Conheci o Espaço 10 há pouco tempo, a convite do meu papito e não pretendo parar de ir na arena porque o ambiente é agradável e respeitoso… gostei muito. Hoje preferi jogar frescobol em Camburi com o maridão”, explica.
Naiara Miranda, engenheira mecânica e mineira de Lagoa Santa, região metropolitana de Belo Horizonte, disse que sempre que vem ao Espírito Santo pratica o seu esporte preferido “o vôlei está em minha vida desde os doze anos de idade e ele foi uma porta de abertura para muitas coisas na minha vida, relacionamento, trabalho e muitas amizades. Graças ao vôlei eu tive a oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas, hoje estou com 32 anos e não me vejo parada, enquanto Deus permitir e tiver saúde vou continuar jogando”, disse.
Outra frequentadora assídua da arena é Penha Albuquerque. Aposentada, 54 anos, é praticante não só de vôlei, como também de frescobol e handebol. Penha diz que “o esporte ajuda muito na autoestima, elimina a depressão e dá qualidade de vida… Esporte é vida!”.
A engenheira civil e supervisora de Financiamento e Seguros do Grupo Águia Branca, Aline Jacob Gomes, acha que a prática de esportes deve ser vista como uma grande aliada da saúde e bem-estar. “Vivemos um momento em que nos falta tempo, mas é necessário incluir atividades em nossa rotina, pois além da saúde física traz grandes benefícios à mente”, afirma.