Envolvimento de jovens com o tráfico em debate
O avanço da violência provocada por ações do tráfico de drogas em Vitória, a estruturação das polícias Civil e Militar, a importância de aumentar o financiamento para a assistência social e ampliar o debate sobre segurança pública foram assuntos abordados na reunião virtual da Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente desta quarta-feira (5).
Além da carência de efetivo, os convidados relataram falta de serviços sociais que proporcionem oportunidades de desenvolvimento para que crianças e jovens que vivem em locais com influência do tráfico não sejam arregimentados para o mundo das drogas. Para eles, é fundamental a estruturação das forças de segurança e o envolvimento de todas as pastas da administração pública no enfrentamento da violência.
O delegado da Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) Rafael Corrêa afirmou que a carência de efetivo compromete as ações voltadas para coibir a criminalidade. “A polícia civil presta apoio conjunto com a guarda municipal e polícia militar que atende a região central da cidade, como o Complexo da Penha, região da Ponte da Passagem, em Camburi, até a Curva do Saldanha. Mas o baixo efetivo trouxe carência na base, comprometendo o trabalho de combate às ações dos traficantes”, explicou.
De acordo com o tenente-coronel Marcelo Tavares, do 1º Batalhão Militar (BPM) de Vitória, cerca de 95% dos recursos da unidade são gastos no combate ao tráfico. “A solução não está nas mãos das forças de segurança. É das causas sociais e que devem ter uma abordagem diferente. Ano a ano a gente percebe um aumento e continuamos num caminho que não produz uma resolução eficaz para o problema. Não adianta colocar só a base da polícia militar, sendo que não há outros serviços sociais sendo ofertados”, disse.
O representante da Prefeitura de Vitória, Ramile Pereira, informou que a capital enfrenta problemas com limitações de efetivo, estrutura e treinamento, mas informou que a administração está preparando uma nova frente para o combate à ação dos criminosos. “A gestão está preparando a Ronda Ostensiva Municipal (Romoa). Os agentes estão em fase de preparação e, logo em seguida, irão para treinamento”, detalhou.
Para o presidente da Central Única de Favelas (Cufa), Gabriel Nadipeh, além da ocupação militar desses ambientes, é necessário garantir educação, esporte, geração de renda e informação para esses moradores. Ele explicou que o coletivo está presente em todos os estados brasileiros e atende regiões de favelas e de periferia com ações voltadas para a inclusão social por meio de projetos artísticos, culturais, esportivos, educacionais e produtivos.
De acordo com o titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Diego Aleluia, as políticas públicas têm que ser implementadas tanto na área social quanto na segurança pública. “É um estilo de vida sedutor, um dinheiro fácil e uma falsa sensação de poder que essas crianças e adolescentes têm ao portar uma arma ou ao se relacionar com um traficante. Esse adolescente, ao se tornar um agente do tráfico, deixa de ser vítima e passa a ser um agente de atos infracionais”, pontuou.