Astrônomos desvendam mistério da formação da nuvem de Oort nos confins do Sistema Solar
Uma equipe de astrônomos holandeses da Universidade de Leiden conseguiu calcular os primeiros 100 milhões de anos da história da nuvem de Oort em sua totalidade. Até agora, apenas partes da história tinham sido estudadas separadamente. Os cientistas construíram o primeiro modelo matemático da formação da nuvem de Oort.
Os resultados mostram que esta região é composta tanto por fragmentos do material do disco protoplanetário de poeira e gás do qual se formou o Sistema Solar como por objetos capturados de outras estrelas.
O artigo com os resultados do estudo foi preparado para publicação na revista Astronomy & Astrophysics e publicado no portal de pré-impressões arXiv.org.
A nuvem de Oort é uma hipotética região esférica nos confins do Sistema Solar que contém bilhões de objetos semelhantes a cometas. Embora não haja observações diretas que confirmem sua existência, muitos fatores circunstanciais apontam para sua existência.
Pela primeira vez, pesquisadores do Observatório de Leiden uniram as informações sobre todos os eventos individuais conectados à nuvem de Oort. As simulações confirmam que esta nuvem é um remanescente do disco protoplanetário de gás e detritos a partir do qual surgiu o Sistema Solar cerca de 4,6 bilhões de anos atrás.
Na sequência das conclusões do estudo foi determinado que os objetos semelhantes a cometas na nuvem de Oort têm duas fontes de origem. Parte deles são asteroides e detritos protoplanetários ejetados de partes centrais do Sistema Solar por grandes planetas, tais como Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Os escombros que foram lançados para dentro do sistema, e não para fora, estão agora no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter.
Segundo os astrônomos, a outra parte dos objetos na nuvem de Oort provém de sistemas estelares vizinhos, que eram abundantes no momento do nascimento do Sistema Solar.
“Com os nossos recentes cálculos, mostramos que a nuvem de Oort surgiu de uma espécie de conspiração cósmica, em que as estrelas próximas, os planetas e a Via Láctea desempenharam todos seus papéis. Cada um dos processos individuais por si só não seria capaz de explicar a [formação da] nuvem de Oort. Você precisa mesmo da interação e da coreografia correta de todos os processos juntos. E isso, aliás, pode ser explicado pelo ambiente de nascimento do Sol. Portanto, embora a nuvem de Oort seja formada de maneira complicada, provavelmente não é única”, disse o autor do artigo, astrônomo e especialista em modelagem Simon Portegies Zwart.
O novo modelo também refuta a hipótese de que a nuvem de Oort se originou nas etapas iniciais da formação do Sistema Solar como resultado da migração dos planetas gigantes. Os autores acreditam que sua formação ocorreu mais tarde, quando o Sol já era uma estrela separada do grupo de estrelas em que nasceu. Cientistas estimam que isso aconteceu de 20 a 50 milhões de anos após o nascimento do Sistema Solar.
Fonte: Sputnik News Brasil