Cientistas acham no Sudão milhares de tumbas medievais dispostas como estrelas em galáxia
Estudo marca a primeira vez que uma abordagem cosmológica foi aplicada à arqueologia, destacando a importância de pesquisas interdisciplinares para revelar novas descobertas sobre as origens de sítios arqueológicos
Arqueólogos descobriram que cemitérios islâmicos sudaneses eram distribuídos de acordo com fatores ambientais de grande escala e fatores sociais de pequena escala, criando um padrão de distribuição semelhante ao de uma galáxia. Os resultados foram publicados na revista científica PLOS ONE na última quarta-feira (7).
No Sudão, a região montanhosa de Cassala é famosa pela abundância de monumentos funerários imponentes, incluindo túmulos islâmicos conhecidos como qubbas. Arqueólogos locais realizaram trabalho de campo ao redor de Cassala por anos em colaboração com colegas estrangeiros, mas a região permaneceu relativamente inexplorada devido à sua localização remota e falta de infraestrutura.
Agora, um grupo de pesquisadores internacionais usou imagens de satélite para descobrir mais de 10.000 monumentos funerários em uma área de cerca de 2.500 quilômetros quadrados, revelando que os estudiosos subestimaram drasticamente o número de qubbas na região, relata o portal SciTechDaily.
Padrões espaciais
O estudo combinou trabalho de campo, ferramentas cosmológicas, tecnologias de sensoriamento remoto e utilizou o modelo Neyman-Scott Cluster, que foi originalmente desenvolvido para estudar padrões espaciais de galáxias e estrelas, e revelou que as estruturas mortuárias estão distribuídas em um padrão semelhante ao de uma galáxia, de acordo com fatores geológicos e sociais.
Assim como as estrelas em uma galáxia tendem a se reunir em torno de centros de alta gravidade (ou seja, perto de um buraco negro), os cemitérios de Cassala se aglomeram às centenas em torno de pontos “paternais”. Esses poços de gravidade mortuária provavelmente correspondem às tumbas mais antigas e importantes.
Esta distribuição galáctica surgiu principalmente como resultado das condições geológicas locais. O terreno acidentado em Kassala significa que poucos locais são favoráveis para colocar tumbas ou obter os materiais de construção necessários. Como resultado, as tumbas mais jovens parecem estar se irradiando das tumbas mais antigas, assim como as estrelas em uma galáxia.
O estudo marca a primeira vez que uma abordagem cosmológica foi aplicada à arqueologia, destacando a necessidade de mais pesquisas interdisciplinares que podem revelar novas descobertas sobre as origens de sítios arqueológicos.
Fonte: Sputnik News Brasil