Espécie de lagarto descoberta no Peru levou sete anos para ser descrita

O réptil “Enyalioides feiruzae” apresenta uma impressionante variedade de cores e vive na mata da bacia do rio Huallaga, região ameaçada pela agropecuária
Foram sete anos de pesquisa, incluindo expedições noturnas, na floresta da bacia do rio Huallaga, no Peru, até que cientistas conseguissem descrever uma nova espécie de lagarto. Batizado de Enyalioides feiruzae, o réptil é apresentado em um artigo publicado no último dia 25 de agosto no periódico científico Evolutionary Systematics.
Os animais apresentam uma variedade impressionante de cores: machos têm dorso turquesa-acastanhado, cinza ou marrom-esverdeado com linhas claras; e as fêmeas podem ter manchas laterais, com tons marrom-esverdeado ou marrom-claro.

Conduzido por cientistas de instituições do Peru, dos Estados Unidos e do Equador, o trabalho identificou que esses lagartos surgiram após uma separação geográfica de répteis da espécie E. rudolfarndti. O grupo mudou de região devido a atividades tectônicas e oscilações climáticas ocorridas do Oligoceno Superior ao Mioceno Inferior.
A pesquisa indica ainda que, atualmente, o habitat do E. feiruzae está muito devastado por áreas de cultivo e pecuária. A única exceção dessa devastação é uma população da espécie que vive protegida no Parque Nacional Tingo Maria, na região peruana de Huánuco.

O rio Huallaga, onde os animais foram descobertos, se estende por 1,1 mil quilômetros. A região já foi palco de guerras civis e de conflitos de tráfico de drogas na década de 1980, que atrapalharam os estudos biológicos. Porém, em 1990, o governo peruano liberou a área e biólogos começaram a investigá-la. A floresta, entretanto, passou a ser devastada por plantações de coca e pela construção de uma usina hidrelétrica.
Com tantas ameaças, a necessidade de avaliar a situação da biodiversidade da região só aumentou. Um passo importante é justamente a descoberta da nova espécie, que pertence ao gênero Enyalioides, composto por outras 16 espécies. Metades delas foi descrita nas últimas duas décadas, a partir de levantamentos em áreas remotas nos Andes Tropicais do Equador e do Peru.
Fonte: Revista Galileu