Ciência

Sistema estelar a 150 anos-luz confunde cientistas por suas órbitas em sentidos estranhos

O sistema estelar HD-3167 vem causando dor de cabeça em em cientistas, que identificaram diversos exoplanetas ao seu redor, cujas órbitas seguem direções e sentidos bastante estranhos.
Segundo eles, essa confusão não é nova, já que a estrela em si foi descoberta em 2016 e, desde então, alguns dos planetas que observamos ao seu redor vêm se comportando de forma ainda inexplicável.
Começando pelo ano de 2016, dois exoplanetas foram descobertos na região, a 150 anos-luz da Terra. Os planetas HD 3167c e HD 3167d orbitam a sua estrela regente não no plano meridiano (pelas laterais), mas sim nos sentidos polares. A grosso modo, ao invés de estarem ao lado da estrela, eles percorrem uma trajetória de cima para baixo dela, passando pelos seus polos.
Em termos comparativos, imagine se o Brasil e o Japão tivessem o mesmo ciclo de dia e noite, na mesma hora em que EUA e Rússia estivessem de dia.
Agora, porém, os astrônomos da Universidade de Genebra, na Suíça, descobriram um terceiro planeta, cuja orientação é meridiana — ou seja, igual a nossa, nas laterais do Sol. Mas ele o faz em sentido horário.
“Evidentemente, foi uma surpresa”, disse Vincent Bourrier, astrônomo da universidade e autor do estudo publicado no jornal Astronomy & Astrophysics.

“Isso é algo radicalmente diferente do nosso sistema solar. Se você estivesse em qualquer um dos planetas e olhasse para o céu com um telescópio, veria os outros se movendo na vertical”.

A descoberta foi feita por um instrumento conhecido como “ESPRESSO”, localizado no VLT (sigla em inglês para “Telescópio Muito Grande”, e sim, esse é o nome dele), no Chile. Por meio de análises extremamente precisas da estrela, o time de Bourrier foi capaz de monitorar a direção de passagem do planeta mais próximo da HD-3167 em relação à nossa perspectiva — um movimento conhecido como “trânsito” — e estimar o ângulo de sua órbita.
De acordo com Bourrier, não foi possível determinar o motivo para essa disparidade de movimentos entre os três planetas. A astrônoma Shweta Dalal, da Universidade de Exeter na Inglaterra (não envolvida no estudo) afirma que um quarto planeta, do tamanho de Júpiter, poderia explicar esse desalinhamento.

Trajetória incomum nas órbitas de exoplanetas distantes estão deixando cientistas muito confusos (Foto: Andrei Salauyou/Shutterstock)

“Um planeta do tamanho do nosso maior vizinho teria uma capacidade gravitacional forte o suficiente para desviar a trajetória de órbita dos outros planetas”, ela comentou.

E por que isso não ocorreu por aqui, uma vez que, ao contrário da HD-3167, o “nosso” Júpiter é mais do que confirmado?
O motivo reside nas amplitudes das órbitas dos nossos planetas na na Via Láctea: como nossos arcos são mais ou menos equidistantes e há bastante espaço entre uns e outros, mesmo com toda a sua força gravitacional, Júpiter não consegue exercer influência suficiente para nos tirar do nosso eixo — o que é até esperado, considerando que a gravidade de Júpiter é “apenas” 2,4 vezes maior que a da Terra.
Bourrier já deixou claro que pretende continuar usando o ESPRESSO para estudar esse e outros sistemas estelares, e o telescópio Gaia, da agência espacial europeia (ESA) está mapeando bilhões de galáxias na Via Láctea, então tudo indica que vamos descobrir mais “estranhezas” por aí.

Fonte: Olhar Digital

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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