Educação

Alagoas lança iniciativa para frear o abandono e a evasão escolar na rede estadual

Entre as estratégias está o incentivo ao ensino técnico, criação de bolsas para quem continuar os estudos e para quem concluir o ensino médio

Na rede de proteção a crianças e adolescentes, a escola desempenha papel fundamental. Quanto mais tempo meninos e meninas estão envolvidos nos estudos, maiores as garantias de distanciamento das violências sociais. Os benefícios são de curto e longo prazo — inclusive o de essa juventude transformar suas comunidades e seus futuros.
Combater a evasão e o abandono escolar depende de ações realizadas agora. Pensando em como lidar com esse desafio, o governo de Alagoas lançou uma série de iniciativas focadas no combate ao problema. Uma delas, o Cartão Escola 10, apresentada pelo secretário de educação de Alagoas, Rafael Brito, prevê bolsa mensal de R$ 100 para alunos e alunas da rede pública estadual que tiverem frequência mínima de 80% em sala de aula. Além disso, há outra bolsa, de R$ 500, voltada aos estudantes que retornaram às aulas presenciais e R$ 2 mil para quem concluir o 3º ano do ensino médio.
“Esse projeto, que pretendemos começar a pagar já a partir deste mês (dezembro), ataca de frente um dos grandes problemas da educação, que é a evasão escolar. A partir do ano que vem, para que recebam os benefícios, os alunos precisarão ter 90% de frequência escolar”, afirmou Rafael durante o evento Alagoas do Futuro: A transformação das juventudes através da Educação Pública que marcou o lançamento do programa multissetorial “Juventudes Alagoanas”.

Disparidade nacional
As motivações para infrequência, desistência e evasão também tem relação com aspectos socioeconômicos que vão além da própria, estrutura das escolas: falta de conexão dos conteúdos com os interesses oferecidos, gravidez, demanda de gerar renda, entre outras razões. Muitos jovens são engolidos pela necessidade de trabalhar para ajudar no sustento da família, por exemplo, e com isso acabam deixando a escola.
O Observatório da Educação do Instituto Unibanco traz a seguinte informação:

“Quando o contexto familiar do aluno é de uma família chefiada por um homem branco, com pelo menos a escolaridade média completa, renda alta e residente de área urbana, a chance deste aluno frequentar normalmente a escola é de, no mínimo, 79%. Quando se trata de famílias chefiadas por mulheres negras, analfabetas e de área rural, o índice máximo é de 65% no Estado do Maranhão e de 21,7% em Santa Catarina”.

Wanyelle Mirian Bezerra, vice-presidente da coordenação estadual de grêmios estudantis da rede estadual de Alagoas, ressaltou a necessidade do apoio governamental para que os jovens se mantenham na escola. “Eu vi, na pandemia, muitos colegas se afastarem da escola por serem de baixa renda. A escola é de suma importância para a gente aprender a lidar com a vida. Os estudantes precisavam só do apoio do governo para seguir estudando”, apontou.

Suporte estadual
Outras ações de apoio à educação em Alagoas também foram anunciadas. As estratégias foram pensadas para abarcar diferentes estágios do ensino e até mesmo envolver a equipe docente. O “Vem que dá tempo”, por exemplo, é uma iniciativa que vai focar no resgate e na aceleração da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Essa mesma etapa também vai receber orientação e preparação para o mercado de trabalho com o “Educação para o Emprego”, que também quer incentivar os alunos da EJA ao empreendedorismo. Um dos projetos também visa contemplar os professores, como é o caso do “Professor Mentor”, que vai conceder mais de 11 mil bolsas para educadores e alunos, a fim de promover a pesquisa no ambiente escolar, o combate aos déficits de aprendizagem, a redução do abandono e da evasão escolar.
O mundo do trabalho, que é um dos fatores que levam o estudante à evasão, é uma das preocupações do projeto. O “Pontapé Educação” é outra proposta que vai criar 1,2 mil vagas para estágios em unidades de ensino da rede estadual para atuação de áreas como Direito, Nutrição, Ciências Contábeis e Educação Física, por exemplo. Os esforços são, portanto, pela garantia de permanência dos estudantes. “Ninguém tem dúvida de que quanto mais tempo o aluno passar dentro da escola, melhor para a sociedade”, pontuou Rafael Brito.

Desafios
A chefe do escritório do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em São Paulo, Adriana Alvarenga, pontuou que os desafios ainda são muitos. Ela mencionou que 23% da população de 18 a 24 não estuda, nem trabalha. Antes da pandemia, cerca de um milhão de adolescentes e jovens estavam fora da escola. “Como a gente investe neles hoje vai mostrar o país que nós teremos no futuro”.
Para os participantes, a preocupação de criar estratégias como essa está em elaborá-las de forma multissetorial, ou seja, que olhem para a educação, mas também para a saúde, para o trabalho ou do ponto de vista social.
Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco, afirmou que as ações apresentadas são ambiciosas, mas realistas. Para ele, o cenário é desafiador, mas o caminho para garantir mobilidade social é via educação.

“É garantir o acesso, se não o jogo não começa. Uma estratégia para funcionar tem que ser ampla, tem que ter muitas ações”, disse.

Fonte: Porvir

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