Política

Além das muralhas da China

Governada pelas mãos de ferro de Xi Jinping, o líder chinês é tão poderoso que o Partido Comunista o elevou à estatura de Mao Tsé-Tung e o garante líder no poder pelo menos até 2027. Os últimos 100 anos da China — justamente o século de existência do partido — foram “a época mais magnífica na história da nação chinesa em milhares de anos”, afirma uma resolução do partido. Uma glória similar, dá a entender o texto, chegará durante a nova era de Xi. Sob o comando do secretário-geral do partido, chefe de Estado e presidente da Comissão Militar Central, a China obteve “feitos históricos e passou por uma transformação histórica”. Primeiro com Mao, depois com Deng, e agora graças a Xi, o país conseguiu “a imensa transformação de ficar de pé, tornar-se próspero e virar uma nação forte”, afirma o comunicado.

O ‘poderio’ chinês pode ser visto nos acontecimentos dos últimos anos, em que a nação tem medido forças políticas, econômica e militar com países poderosos como Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, por exemplo. A sede de conquista faz o governo chinês ambicionar novos horizontes pelo mundo.
Para exemplificar, vou relatar aqui uma experiência que tive recentemente dando uma olhada nas minhas redes sociais, onde deparei-me com um post de 2020, que diz que os chineses arremataram áreas e hotéis a preços de banana no litoral brasileiro. Aproveitando-se do período de quarentena da covid-19, num momento de grande instabilidade e incerteza econômica para o Brasil e o mundo, o que levou muitos empreendedores de Porto Seguro e de várias outras partes do País à falência, os chineses entraram com tudo em terras tupiniquins.
Não sou xenófobo, intolerante e muito menos tenho aversão por qualquer pessoa que vem de outros países ou de diferentes culturas, mas uma coisa é certa, seria estratégia de mercado ou uma tentativa de domínio da tirania chinesa conhecida pelo mundo?

Trabalho escravo infantil na China (Foto: Reprodução YouTube)

Historicamente, sabemos que desde os tempos remotos da China Imperial, o país oriental tem a cultura de guerra, da conquista e do domínio enraizado, por isso, cada dia que passa, fico mais atento aos interesses chineses que, tem no seu líder, Xi Jinping, levantado preocupação dos direitos humanos por ameaças à liberdade: no amplo sentido da palavra. Liberdade de ir e vir, de expressão, econômica.
A vigilância sobre a população é tanta que, o Partido Comunista Chinês, com a preocupação de a liberdade política comprometer seu poder, construiu um Estado orwelliano (política de controle pela propaganda, vigilância, desinformação, negação da verdade e manipulação do passado), com vigilância altamente tecnológica e um sofisticado sistema de censura, na internet, para monitorar e abafar o senso crítico do público.
Contrariando essa ideologia política, nós, brasileiros, ainda somos livres e hospitaleiros, está no nosso DNA, a receptividade é da nossa maravilhosa cultura. Historicamente acolhemos cidadãos de toda parte do mundo que sofreram com guerras, com a falta de alimentos e/ou que viveram em regime de escravidão institucionalizado como acontece, infelizmente, em muitos países. A imigração chinesa é um desses exemplos e que, aqui no Brasil, aconteceu no início do século 18 e se intensificou mesmo a partir da década de 1950, com a implantação do comunismo no país asiático.

Com uma população que representa um quinto no número de habitantes no mundo (hoje, a população chinesa gira em torno de um bilhão e meio de pessoas), esse povo terá a necessidade de comida à mesa e, preocupantemente, o nosso abençoado País seria parte dessa solução. Alimentar essa quantidade de bocas tem lá os seus desafios, pois mesmo sendo o maior país agrícola do mundo, apenas de 10 a 25% do território chinês são adequados para o cultivo e pouco mais da metade desse percentual está irrigado.
O Brasil, hoje, é lar para mais de 200 mil chineses e não podemos desmerecer as contribuições importantes prestadas por esse povo no esporte, na culinária, nas crenças, na mão de obra e nos ensinamentos filosóficos, mas, confesso que vejo com grande preocupação essa realidade. Temos um governo aguerrido que luta pela nossa soberania, mas ele sozinho não é suficiente. Essa luta é constante, e todo brasileiro precisa entender que o que vem acontecendo no mundo é a lei da sobrevivência, do domínio e, portanto, temos que ter o cuidado com o perigo iminente de nos transformarmos numa zona rural dos chineses.
É inegável a contribuição do povo chinês para o desenvolvimento do Brasil como uma nação altamente miscigenada e que tem em muitos sino-brasileiros notáveis retribuições como Chu Ming Silveira (1941-1997) — inventora do Orelhão; General Leone Da Silveira Lee — Primeiro general brasileiro de ascendência chinesa; Carlos Alberto Gomes Kao Yien (1964) — Ex-futebolista do Grêmio, conhecido pelo apelido de “China”.

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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