Café Coado em… estão roubando os nossos sonhos
Texto: Gracimeri Gaviorno
A utilização do celular tem sido cada dia mais comum às pessoas. Em 2021, chegou-se à utilização de quatro bilhões de celulares no mundo, com o Brasil ocupado a 5ª posição no ranking mundial. Em março de 2022, a Anatel registrava 258 mil celulares no País. Isso significa que temos mais de um celular por habitante no Brasil, já que a população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de aproximadamente 213 milhões de pessoas.
A tecnologia, que apareceu como novidade nos idos de 1990, foi muito mais além de transformar a telefonia e facilitou a transmissão de diversos dados, popularizando um outro conceito: o de telemática. Mais tarde, o aparecimento dos smartphones promoveu uma nova revolução. De simples aparelho telefônico, o celular nos permitiu acesso a alarmes, gravação de fotos e vídeos, cronômetro, lupa, scanner, SMS, transmissões de documentos, aquisição de bens e serviços por aplicativos, transações bancárias, trocas de mensagens por variadas formas, uma infinidade de recursos nos indicando que o futuro saiu da ficção transmitida nas telas das televisões residenciais e do cinema e finalmente chegou a todos. Claro, com as facilidades desses novos tempos vieram os desafios relacionados à segurança, no ambiente cibernético e no plano físico.
Com tanta gente utilizando o celular, em todo o canto e com tantas possibilidades de experiências, o aparelho tem sido objeto de desejo pelos consumidores e pelos algozes da criminalidade. Isso mesmo! Ao mesmo tempo em que cresce o aparecimento de aparelhos mais arrojados e as aquisições, aumentam-se, também, os roubos e os furtos dessa preciosidade tecnológica.
No Espírito Santo, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), só no primeiro quadrimestre deste ano, ou seja, de janeiro a abril, foram subtraídos, na modalidade de roubo ou furto, 9.734 aparelhos de celular. E não existe dia nem hora para isso acontecer.
E nunca é demais lembrar que, seja um aparelho de última geração ou um aparelho bem mais simples, por meio dele é possível acessar dados que revelam intimidades que podem colocar em risco a própria vítima e toda a sua família. Além disso, algumas fotos e vídeos que só estão armazenados no celular se perdem quando estes são subtraídos. Isso sem falar nos aplicativos bancários ou destinados à aquisição de bens e serviços que podem ser acessados e manipulados, causando um prejuízo material inimaginável.
Outros objetos também cobiçados pelos criminosos são os veículos automotores e as bicicletas. Foram 2.694 automóveis e 1.122 bicicletas furtados ou roubados no Estado até abril deste ano. Estamos falando em 13.550 ocorrências de furtos ou roubos relacionadas a celulares, veículos automotores e bicicletas somente no primeiro quadrimestre. Se continuar assim, chegaremos ao final de 2022 com mais de 54 mil registros.
A maioria desses eventos aconteceram em via pública, o que corresponde a 58 % das ocorrências. A Serra é o município com maior incidência (2.921), seguido de Vila Velha (2.871), Cariacica (2.189), Vitória (1.791), cidades que representam 72% dos roubos e furtos de celulares.
Não são incomuns roubos de bicicletas e motocicletas utilizadas por entregadores de delivery ou de veículos utilizados pelos motoristas via aplicativos. Não estamos falando tão somente de objeto. Estamos nos referindo à economia de uma vida inteira ou, por vezes, de endividamento. Algumas vítimas relatam que ainda estavam pagando a prestação e não sabem como fazer para realizar uma nova aquisição daquilo que, para alguns, é utilizado como instrumento de trabalho.
A subtração de celulares, veículos e bicicletas tem tirado a tranquilidade dos capixabas e lhes roubado a possibilidade de trabalhar. Entretanto, é possível encontrar alguma solução para enfrentar esses desafios, por meio de tecnologia, inteligência, parcerias e, claro, ouvindo as pessoas. Mas isso é assunto para um próximo Café Coado.