Cientistas criam peixe-robô para coletar microplásticos
Novo dispositivo pode entrar na luta contra a poluição plástica marinha
Pesquisadores da Universidade de Sichuan, na China, desenvolveram um peixe-robô capaz de remover microplásticos da água. A ideia é que o dispositivo contribua para o monitoramento dos níveis de poluição em ambientes aquáticos.
Cerca de 11 milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos todos os anos, segundo o relatório Breaking the Plastic Wave, publicado pelo PNUMA em 2021. Cada brasileiro pode ser responsável por poluir os mares com 16kg de plásticos. Na água, o material vai se deteriorando em pequenas partículas e, por engano, são consumidas por animais marinhos, que se engasgam e/ou se enroscam.
Do grave problema gerados pelo microplástico, veio o lampejo para uma possível solução. Os cientistas criaram justamente um pequeno e flexível dispositivo com aparência de peixe para “abocanhar” o material plástico.
O pequeno peixe-robô possui somente 13 milímetros de comprimento. Com um sistema de laser de luz infravermelha em sua cauda, o robozinho nada e bate as asas a quase 30 mm por segundo. Neste processo, ele pode adsorver pedaços de microplásticos flutuantes, uma vez que os corantes orgânicos, antibióticos e metais pesados dos microplásticos têm fortes ligações químicas e interações eletrostáticas com os materiais do “peixe”.
Quando o microplástico é atraído, o dispositivo pode coletar e transportá-lo da água. A partir de então os pesquisadores podem analisar a composição e a toxicidade fisiológica dos microplásticos. Aplicando a biomimética, o dispositivo foi criado com materiais inspirados na madrepérola — um revestimento produzido por alguns moluscos em suas conchas.
O super peixe ainda foi projetado para ser capaz de se consertar sozinho, caso seja cortado ou danificado durante sua expedição. Isso garante a caça de poluentes mesmo em águas agitadas. Por enquanto, o dispositivo funciona somente em superfícies de água, mas a ideia é seguir desenvolvendo-o para que possa ir mais fundo debaixo d’água. A ambição é que, futuramente, ele possa alcançar os pontos de difícil acesso dos oceanos para coletar microplásticos.
Seu design biônico também pode inspirar o surgimento de outros projetos semelhantes e cada vez melhores.
“Acho que a nanotecnologia é uma grande promessa para adsorção de traços, coleta e detecção de poluentes, melhorando a eficiência da intervenção e reduzindo os custos operacionais”, afirmou Yuyan Wang, pesquisador do Instituto de Pesquisa de Polímeros da Universidade de Sichuan e um dos principais autores do estudo, ao The Guardian.
Para mais detalhes sobre a pesquisa com o peixe-robô, acesse o estudo aqui (em inglês).
Microplásticos
Além de afetar a vida marinha, a decomposição dos plásticos é um problema de saúde humana, sendo já detectado na água e órgãos humanos, como o pulmão. As consequências de tanto plástico já é visível em forma de ilha de poluição em algumas partes do mundo.
Solucionar este problema exige várias frentes de atuação, mas individualmente é possível reduzir o consumo de plástico no cotidiano, veja aqui e aqui. Conheça também as ações urgentes para eliminar, substituir ou reciclar plásticos flexíveis e ajude a cobrar as autoridades políticas da sua região.
Fonte: CicloVivo