Internacional

Avanços ucranianos podem abalar ofensiva russa e regime de Putin

Quase seis mil quilômetros de território já foram reconquistados

Os avanços da contraofensiva ucraniana nos últimos dias são claros, com a reconquista de perto de seis mil quilômetros quadrados de território no sul e no leste do país. Os analistas consideram que é uma viragem no conflito entre a Ucrânia e a Rússia, principalmente com as duras críticas de nacionalistas russos e apoiantes de Vladimir Putin à estratégia militar do Kremlin. Ainda assim não há sinais de que a guerra esteja perto de acabar.

Na segunda-feira à noite, o presidente ucraniano anunciou que, desde que começou a contraofensiva este mês, o Exército ucraniano já reconquistou quase seis mil quilômetros quadrados de território controlado pelas forças russas.

“Desde o início de setembro, os nossos militares já libertaram quase seis mil quilômetros quadrados de território ucraniano no leste e no sul, e ainda estamos a avançar”, afirmou Volodymyr Zelensky num vídeo divulgado nas redes sociais.

Caso sejam consolidados, estes ganhos serão os maiores para a Ucrânia desde a retirada das forças russas dos arredores de Kiev no final de março. O principal foco, neste momento, da contraofensiva ucraniana é Kharkiv, onde pretendem assumir controlo total da província. Nesta região os ucranianos já avançaram 50 quilômetros no sentido da fronteira com a Rússia e o Ministério britânico da Defesa admite mesmo uma ordem de retirada das tropas russas.

As tropas russas já terão deixado para trás ‘stocks’ de munição e outras armas durante a retirada de Kharkiv, como minas, granadas, mísseis e vários veículos de combate.

O Exército ucraniano anunciou pela primeira vez uma contraofensiva no sul, antes de fazer um avanço relâmpago na semana passada na região de Kharkiv, na fronteira com a Rússia no nordeste do país, forçando os soldados russos a recuar para outras posições. Além disso, as autoridades ucranianas têm relatado sucesso na região de Kherson, no sul, ocupada pela Rússia e na fronteira com a Crimeia anexada e nas regiões orientais sob o controlo de separatistas pró-russos desde 2014.

No mesmo comunicado em vídeo, Zelensky voltou a sugerir que a Rússia seja declarado um “Estado terrorista” por praticar o terror radioativo, energético e da fome durante a guerra. O chefe de Estado ucraniano defendeu ainda que a Ucrânia necessita de fortalecer a “cooperação com a comunidade internacional para vencer o terror russo”.

Nas palavras do presidente ucraniano, a Rússia promove um “terror de radiação” na central nuclear de Zaporizhzhia a pela “presença de tropas russas na fábrica, as constantes provocações russas e o bombardeamento do território da fábrica que colocaram a Ucrânia e a Europa à beira de um desastre radioativo”.

Por seu lado, Moscou tem negado estas acusações e, na segunda-feira, acusou o exército ucraniano de preparar uma “grande ofensiva” para tentar recuperar a central nuclear. De acordo com o porta-voz do governador pró-russo de Zaporizhzhia, Vladimir Rogov, o Exército ucraniano está a transferir elementos de artilharia, incluindo obuses e múltiplos sistemas de lançamento, para a zona. Rogov adiantou que a Ucrânia está em vias de preparar uma “grande ofensiva na zona da central nuclear (…)”, segundo a agência de notícias russa TASS.

Rússia a perdendo ofensiva
Apesar dos relatos das autoridades ucranianas sobre a reconquista de território, Moscou não se tem pronunciado sobre o assunto, o que tem gerado críticas por parte dos nacionalistas russos e de alguns apoiantes do regime de Vladimir Putin. Há quem já sugira que o Kremlin está a ficar sem recursos para combater as forças ucranianas.

O Ministério russo da Defesa garante apenas, até agora, que a operação especial iniciada em fevereiro na Ucrânia vai prosseguir “até alcançar os objetivos” e que “não há perspectiva de negociações” com Kiev, neste momento. Mas a pressão ao Kremlin e os líderes pró-russos exigiram, este fim de semana, que Putin mudasse imediatamente a estratégia da ofensiva, para garanti uma vitória definitiva da Rússia.

As forças russas “dependem muito da malha ferroviária para transportar equipamento pesados e munição de artilharia”, explicou à Reuters o general norte-americano Bem Hodges. E numa região com muitos rios, “basta destruir as pontes [para] cortar as cadeias logísticas”.

“A Rússia carece acima de tudo de força humana”, adiantou também o especialista militar Alexander Khramchikhin. “É incapaz de controlar grandes territórios e uma grande linha de frente”.

Fonte: RTP Notícias

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