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Encontro das Águas: por que o Rio Tapajós e o Amazonas não se misturam?

O chamado ‘Encontro das Águas’ é um fenômeno comum em rios da Amazônia

O encontro entre o rio Tapajós e o rio Amazonas é um fenômeno natural que salta aos olhos de quem vê. Isso porque é possível observar nitidamente a separação entre as águas deles, sendo o primeiro de águas azuis-esverdeadas, e o segundo de águas barrentas, de forma a criar grande contraste na paisagem local.

Em 2014, o local foi reconhecido como patrimônio cultural do estado do Pará, sendo localizado na região da cidade de Santarém, quase na divisa com o Amazonas. Em entrevista realizada ao g1 em 2016, o biólogo e mestre na FIT/Unama, Jocireudo Aguiar, explicou brevemente o motivo de as águas dos dois rios não se misturarem.

O rio Amazonas tem essa coloração barrenta porque ele nasce em uma região de altitude, nos Andes peruanos e, então, ele sai arrastando argila, areia. Já o rio Tapajós, do ponto de vista geológico, é um mais antigo do que o Amazonas. Ele não tem muito sedimento para estar arrastando por isso ele é límpido e transparente”, explicou Jocireudo Aguiar.

Logo, continua e aponta que, devido a essas diferenças, além de outros fatores, como densidade, temperatura e velocidade das águas, as águas dos rios não se misturam — ao menos, não logo de cara.

Fotografia de barco navegando próximo ao encontro das águas dos rios Tapajós e Amazonas (Foto Ana Claudia Jatahy/MTUR/Wikimedia Commons)

As águas do rio Amazonas têm um peso maior do que a do rio Tapajós e isso influencia, além da temperatura. Outro fator é a velocidade. Na época de vazante do Tapajós, o Amazonas avança e esse encontro fica bem mais próximo de Santarém. É interessante que a extensão de diferença de tonalidade se arrasta por uma área de mais ou menos quatro quilômetros até eles se misturarem num local mais à frente”, concluiu o biólogo.

Alterações na paisagem
O fenômeno nem sempre ocorreu dessa forma. Segundo a historiadora Terezinha Amorim, não se sabe exatamente como ele surgiu, mas é de conhecimento que nem sempre os rios foram unidos, sendo anteriormente separados por um pedaço de terra conhecido como Ponta Negra, mais à frente da cidade de Santarém.
Porém, com o tempo, o evento conhecido como ‘fenômeno das terras caídas’ — quando a correnteza de um rio bate com tanta força nas margens que chega ao ponto de destruir parte do solo, podendo provocar alguns deslizamentos de terra — acabou modificando a paisagem. Com isso, uma parte da Ponta Negra foi arrastada e, assim, os rios ficaram mais próximos, formando a paisagem que pode ser vista hoje.

Fonte: Aventuras na História

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