25% da população mundial não têm acesso a água potável, alerta ONU
Embora mais de dois bilhões de pessoas tenham obtido acesso à água potável nas últimas duas décadas, um quarto da população mundial ainda está sendo deixado para trás, alerta um novo relatório da ONU
Realizado em conjunto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Banco Mundial, o documento aponta as mudanças climáticas e a rápida urbanização como os maiores desafios para a crise da água no planeta.
Fornecer água e saneamento para todos no planeta é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), acordado por todos os 193 Estados-membros da ONU em 2015. Um novo relatório das Nações Unidas, no entanto, mostra que embora mais de dois bilhões de pessoas tenham obtido acesso à água potável nas últimas duas décadas, um quarto da população mundial ainda está sendo deixado para trás.
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe estão entre os países lusófonos mencionados na avaliação “Situação da Água Potável no Mundo”, realizada em conjunto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Banco Mundial.
Atualmente, as mudanças climáticas estão aumentando a frequência e a intensidade das secas e inundações, que agravam a insegurança hídrica, interrompem o abastecimento de água e arrasam comunidades. Enquanto isso, a rápida urbanização está agravando a pressão sobre a capacidade das cidades de fornecerem água para milhões de pessoas que vivem em assentamentos informais e favelas.
Espírito Santo
O relatório examina ainda as ligações entre água, saúde e desenvolvimento, recomendando aos governos que invistam de forma estratégica para alcançar o acesso universal à água potável e mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Entre os exemplos mencionados pelo documento está uma iniciativa brasileira no estado do Espírito Santo, onde uma infraestrutura sustentável financiada pelo Banco Mundial ajudou a restaurar e proteger florestas e nascentes de rios, através de uma série de intervenções para melhorar a qualidade da água.
Serviços ecossistêmicos
Outro procedimento mencionado pelo relatório são os pagamentos para serviços ecossistêmicos, que são incentivos oferecidos a agricultores ou proprietários de terras em retorno pelo apoio à administração de suas terras para fornecimento de algum tipo de serviço ecológico.
Os investimentos das famílias cabo-verdianas em seus sistemas próprios de abastecimento de água potável, por exemplo, ajudaram a resolver o déficit de financiamento da água potável no país, principalmente nas zonas rurais, mas também em áreas urbanas, onde os serviços podem ser limitados geograficamente ou ser mais caros.
Portugal, enquanto isso, reduziu cargas de lodo na água por uma abordagem que combina reflorestamento e melhor gestão da terra com uma série de outras ações, como melhorias nas estradas e saneamento. Como resultado destas mudanças, o país observou uma melhoria significativa na segurança hídrica.
Reunião preparatória
Em preparação para a próxima Conferência da Água da ONU, prevista para março de 2023, cerca de 1,2 mil cientistas, representantes do setor privado e da sociedade civil se reuniram na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, no dia 24 de outubro deste ano, para discutir ideias potencialmente revolucionárias relacionadas à água e sustentabilidade.
Observando que o mundo está em um momento decisivo, o presidente da Assembleia Geral, Csaba Kőrösi, cujo escritório organizou o evento, disse aos participantes que é hora de “passar da gestão reativa da água para uma era de soluções proativas, baseadas na ciência”. Kőrösi instou os participantes a discutirem novas soluções na perspectiva da “solidariedade, sustentabilidade e ciência”, o lema da 77ª sessão da Assembleia Geral.
Ex-presidente da Hungria e membro da comissão Líderes da Água e do Clima, János Áder também discursou no evento, pedindo uma maior ênfase na coleta e compartilhamento de informações:
Fonte: eCycle