Internacional

Polícia chinesa quer impedir protestos contra a política de covid zero

Policiais patrulham áreas onde há possibilidade de manifestações

Depois de um fim de semana marcado por protestos em várias cidades chinesas contra a política de “covid zero”, as autoridades policiais tentam dissuadir e localizar os manifestantes. Nesta terça-feira (29), a Comissão Nacional de Saúde da China anunciou a intensificação da campanha de vacinação contra o vírus SARS-CoV-2 junto à população mais idosa.

Vídeos nas redes sociais mostram centenas de policiais ocupando uma praça pública em Hangzhou, na noite de ontem (28), impedindo a população de se reunir e se manifestar. Alguns manifestantes foram interrogados por telefone pelas autoridades, depois de terem assistido aos protestos nas cidades de todo o país.

Um dos vídeos, que não foi verificado de forma independente, mostra a polícia, rodeada por uma pequena multidão com seus celulares, detendo manifestantes. A polícia de Hangzhou não comentou a situação.

Em Xangai e em Pequim, a polícia patrulhava várias áreas, na manhã desta terça-feira, onde alguns grupos sugeriram, via aplicativos, que a população voltasse a se reunir. A presença das autoridades policiais durante a noite de segunda-feira evitou a realização de mais protestos.

Existem ainda relatos de policiais pedindo os aparelhos celulares de manifestantes para verificar de tinha redes privadas virtuais (VPNs) e a aplicação Telegram, que foi usado no fim de semana pelos manifestantes. Na China, as redes VPNs são ilegais para a maioria da população e o Telegram é bloqueado na internet.
No entanto, os manifestantes compartilhavam pelo Telegram informações sobre como manter os dados telefônicos a salvo de verificações aleatórias das autoridades policiais, incluindo como programar uma limpeza rápida de dados do histórico. “O que fazer se o seu telefone for roubado ou levado pela polícia — um pequeno guia para evitar surpresas desagradáveis”, lia-se numa das mensagens.

Em Xangai, o dono de um bar, perto de um local onde ocorreram protestos no fim de semana, revelou à AFP que a polícia tinha ordenado que fechasse o seu estabelecimento às 22h para “controle de doenças”. Na saída de cada estação do metro havia grupos de policiais.

Uma mulher revelou que ela e cinco amigos, que participaram de um protesto em Pequim, receberam chamadas da polícia exigindo informações sobre seus paradeiros. Não está claro como é que as autoridades policiais tiveram acesso às identidades dos manifestantes presentes nos protestos.

Em Pequim, centenas de pessoas, na sua maioria jovens, enfrentaram temperaturas negativas para se reunir à margem de um rio da capital, numa vigília de homenagem às dez vítimas do incêndio em um apartamento em Urumqi.
Como resultado, milhares de pessoas saíram às ruas durante dias, exigindo o fim dos bloqueios para combater a covid-19. Alguns chegaram a pedir que o Presidente Xi Jinping deixe o cargo.

Os protestos têm gerado uma crescente frustração e ceticismo em relação ao Partido Comunista e à política de “covid zero”. O governo de Xi Jinping tem seguido uma política de confinamentos, testagem em massa e longas quarentenas para chegadas do estrangeiro, numa tentativa de limitar a propagação do SARS-CoV-2.

O governo e os meios de comunicação estatais chineses mantêm silêncio sobre os protestos. Os jornais desta terça-feira publicaram vários artigos sobre a política “covid zero”, incluindo um editorial na Agência de Notícias Xinhua, reconhecendo que a pandemia “teve algum impacto na produção social e na vida”.

Os protestos obrigaram a China a rever as políticas de confinamento. As autoridades admitem abusos e imposições arbitrárias e tentam, assim, acalmar os manifestantes.

Protestos no exterior
Os cidadãos chineses residentes no exterior continuam a protestar contra a política de Xi Jinping em pelo menos uma dúzia de cidades em todo o mundo.
Em Hong Kong, dezenas de pessoas se reuniram no centro da cidade e no campus da universidade, numa manifestação de solidariedade aos manifestantes da China continental.
Muitos reuniram-se também junto às embaixadas da China nas principais cidades do mundo, como Londres, Paris e Tóquio, e em universidades dos EUA e na Europa.

Vacinação de idosos
A China anunciou hoje que vai intensificar a campanha de vacinação contra o vírus SARS CoV-2 junto às pessoas com mais de 80 anos.
A Comissão Nacional da Saúde comprometeu-se a ampliar “campanhas de vacinação a pessoas com mais de 80 anos” acrescentando que vai também aumentar a inoculação da população entre os 60 e os 79 anos de idade.

Fonte: RTP

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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