Então é Natal!

Muitas famílias já estão trocando as esperadas lembrancinhas de Natal por telhas e lajotas; portas e janelas; colchões, guarda-roupas e armários. Tudo danificado pelas chuvas

Não, não estamos aqui para trazer novamente a letra de uma música. Mas vamos recordar um evento que lamentavelmente estamos revivendo às vésperas de um momento que os Cristãos reservam para celebrar o amor.
Quase dez anos depois, o Espírito Santo volta a ser notícia no Brasil pelos mesmos motivos. Em 2013, nosso Estado viveu um dos episódios mais tristes de sua história. Os estragos causados pelas chuvas foram tão grandes que transformaram o Natal de todos nós! Foi um período de muita tristeza, mas também de muita solidariedade. Pessoas se mobilizavam para ajudar as famílias, como voluntários nas limpezas de casas, ruas, resgates. Doações organizadas. A tradicional Ceia do Dia 24 e 25 foi, certamente, muito diferente em todos os lares capixabas. Naquele momento, descobrimos, de forma dolorosa, o verdadeiro sentido do Natal.

E este ano? É estranho, mas parece que o Natal ainda não chegou para nós. As ruas estão ainda vazias. Embora as Prefeituras tenham se dedicado enfeitando seus pontos tradicionais com os enfeites natalinos, ainda não estamos animados. Está faltando aquele chamado ‘espírito natalino’. E não é porque o Brasil voltou mais cedo para casa e que os nossos rivais argentinos trouxeram a cobiçada taça da Copa 22, não!

Infelizmente estamos passando por um período de chuvas torrenciais deixando desabrigados e desalojados por todo o Estado. Queda de barreiras, riscos de inundação, interrupções de estradas, crateras interditando rodovias estaduais e federais é o que temos visto até agora.

Quem estava pensando em viajar ou receber seus entes queridos para a Ceia de Natal teve que mudar seus planos. Trafegar por nossas estradas ficou muito perigoso e, em alguns trechos, a viagem chega a ter um acréscimo de até duas horas e meia. Foram afetados os municípios de Ecoporanga, Pedro Canário, São Mateus, Linhares, Colatina, Nova Venécia, Vila Valério, Jaguaré, Aracruz, Ibiraçu, Fundão, Santa Teresa, Santa Leopoldina, Muniz Freire, Irupi, Iúna, Ibitirama e vários outros. As previsões para os próximos dias também não são nada animadoras.
Muitas famílias já estão trocando as esperadas lembrancinhas de Natal por telhas e lajotas; portas e janelas; colchões, guarda-roupas e armários. Tudo danificado pelas chuvas. E até aqueles que têm suas casas mais estruturadas já estão preocupados com as trocas das telhas, deslocadas com fortes ventanias.

Os cortes no abastecimento de água dificultaram a lavagem das roupas, que já começaram a mofar. A constância das chuvas tem deixado as casas úmidas e as doenças respiratórias retornam, mas não conseguimos consultas com alergistas.

Ao final de tudo, ainda pensamos que esses acontecimentos são coisas isoladas da natureza e que nada podemos fazer sobre isso. Passam, invisíveis aos nossos olhos e livres de nossa contenção, os desmatamentos, a poluição de mares e rios, as queimadas, a coleta e descarte não seletivos do lixo, a indiferença com o Planeta. Mas o Planeta não segue indiferente a nós.

E o Natal? O Natal é tempo de amor! É tempo de lembrar que o tempo do amor é o tempo todo! E o amor é cuidado! Cuidado conosco! Cuidado com o outro (e com a outra)! Cuidado com o Planeta! Cuidar do Planeta, é cuidar da outra (ou do outro). E, portanto, cuidar da gente!

Então é Natal! A Festa Cristã! E o que é ser Cristão? “Amar como Jesus amou. (…) Viver como Jesus viveu(…). Sentir o que Jesus sentia. (…) E, ao chegar ao fim do dia, eu sei que dormiria muito mais feliz”. E cá, estou eu, com o trecho da música do Padre Zezinho para dizer que o tempo de solidariedade tem que ser permanente, constante e global! Feliz Natal! E que o panetone venha acompanhado de um uma generosa dose de amor e um bom Café Coado! Feliz Natal!

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