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Um 7 de janeiro para o leitor chamar de seu!

O hábito da leitura é fundamental para o desenvolvimento intelectual de todo ser humano, crianças e adultos. Em um passado não muito distante, os hábitos de leituras implicavam em tomar algum livro emprestado em alguma biblioteca pública ou particular ou, quem sabe, formar a sua própria biblioteca.
O deslocamento às livrarias ou bibliotecas, a necessidade de renovação dos empréstimos e até a penalização com pagamento de multas pelos eventuais atrasos na devolução parece-nos que não eram empecilhos para a prática da leitura.

A revolução tecnológica nos apresentou os livros digitais. Se antes esse formato exigia a compra de aparelhos específicos vendidos, por exemplo, pela Amazon ou Saraiva; agora, podemos acessá-los facilmente a partir de aplicativos gratuitos baixados em nossos smartphones.

Entretanto, os números atuais de leitores no Brasil nos apresentam poucos motivos para comemorações. Ao mesmo tempo em que a tecnologia trouxe facilidades para o acesso à leitura, com a chegada dos livros digitais, a quinta edição da pesquisa, realizada pelo Instituto Pró-Livro — IPL em parceria com o Itaú Cultural — IC entre os anos de 2015 e 2019, mostrou que, em quatro anos, o Brasil caiu de 56 para 52%, o que significa que perdemos 4,6 milhões de leitores. O impacto maior foi na Região Sudeste, atingindo as classes socioeconomicamente mais elevadas.

A pesquisa realizada pelo Instituo Pró-Livro aponta que o leitor brasileiro lê, em média, cinco livros por ano. A maioria dedica seu tempo livre para assistir a programas de televisão e filmes, utilização de aplicativos de mensagens, acesso a redes sociais e para ouvir música. No entanto, embora a televisão ainda ocupe a maioria do espaço reservado ao tempo livre do brasileiro, ela vem perdendo espaço para a internet, com suas inúmeras possibilidades.

Ao entrarmos num mundo ficcional, tratamos as experiências como se fossem reais (Foto: iStock)

Lembro-me de que, na minha juventude, eu assinava o Clube do Livro. Além disso, sempre passava na Banca de Revistas localizada próxima à empresa em que eu estagiava e fazia minha compra literária com o mesmo prazer de quem vai à feira para as compras semanais. Não estou exagerando em dizer que eu enchia a minha cesta de livros com grande satisfação. Nessa época, tive a oportunidade de ler vários clássicos. A leitura me trazia a ampliação do vocabulário e me permitia construir textos organizados e coesos. A paixão pela leitura vinha da sede de conhecimento e da paixão dos meus professores pelas letras. Quem da geração anos 80 não se recorda de ter passado a adolescência devorando a coleção de livros da Série Vagalume?

Em 2019 tive a oportunidade de reunir algumas pessoas e fundar um clube do livro, melhor dizendo, uma confraria de leitura. Tínhamos algumas premissas: (1) todos nós estávamos dedicados a leituras técnicas, voltadas para nossa atividade profissional. Não havia em nosso repertório menos remoto a leitura por lazer; (2) Algumas vezes conseguíamos nos aventurar solitários em algumas leituras e sentíamos o profundo vazio de não ter com quem dividir tantas inquietações e descobertas; (3) Outras vezes nos encontrávamos para tomar um vinho ou um café acompanhado de uma boa conversa e muitas risadas.

Então decidimos juntar esses ingredientes e assim nasceu a Confraria Letras & Leros. Passamos a desfrutar da companhia dos amigos, tomando um bom café ou um bom vinho com um “dedinho de prosa” a partir de uma base comum agregada a nossas experiências pessoais, sem aquele sentimento de que estávamos numa torre de babel. A experiência nos trouxe a possibilidade de ler e discutir algumas obras mais atuais que só conhecíamos pelos olhares dos críticos como “As democracias não morrem por acaso”; “Sapiens”; Tempos líquidos”, além de outras pérolas talvez menos conhecidas como “A alma Imoral”.

No final do ano passado, resolvemos fazer um “sustentável amigo oculto literário”. A ideia não era sair correndo para a livraria e comprar um livro novo, mas achar em nossas estantes ou gavetas um livro que sentíamos o desejo de ofertar e recomendar a alguém. Claro, haveria a possibilidade de alguém não querer se desfazer de seu acervo ou que não ter um livro físico em casa. Para esses apegados ou mais modernos que preferem os tablets para as suas leituras, a solução era encontrar um sebo, essas livrarias de livros usados. A experiência foi fantástica. E eu estou aqui, iniciando 2023 lendo o meu presente de Amigo Literário, o quinto livro mais vendido no País em 2022. Surgiu uma curiosidade para saber qual é? Proponho que faça a sua própria pesquisa.

E você? Quantos livros leu em 2022? Tem algum plano de leitura para 2023? Quem sabe você não encontre a motivação necessária para formar o seu próprio Clube do Livro em 2023. Que tal usar seu tempo livre para se dedicar à leitura? Aproveite o dia 7 de janeiro, Dia do Leitor, uma boa motivação deste mês de janeiro para fundar a sua confraria literária. Chame os amigos e as amigas. Ofereça um bom Café Coado e pode ter certeza de que a prosa será muito prazerosa! E se animar, me conte como foi a experiência!

Você pode enviar mensagens a esta coluna para o e-mail: colunacafecoado@gmail.com. E eu estou aceitando uma boa sugestão de leitura.

Gracimeri Gaviorno

Gracimeri Gaviorno

Delegada de polícia; mestre e doutora em direitos fundamentais; professora; Instrutora e mentora profissional para lideranças E-mail: colunacafecoado@gmail.com

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