Inteligência Artificial detecta sinais estranhos em dados de rádio
Algoritmo de Inteligência Artificial criado por cientistas na Austrália, detectou sinais de rádio estranhos no universo
Nos últimos anos, uma explosão de programas de Inteligência Artificial (IA) incrivelmente capazes, como Midjourney, DALL-E 2 e ChatGPT, mostrou o rápido progresso que a ciência alcançou no aprendizado de máquina. Agora, a IA é usada em praticamente todas as áreas de pesquisa para ajudar os cientistas com tarefas de classificação de rotina.
Segundo o astrofísico Danny Price, em um artigo de sua autoria publicado no site The Conversation, a IA também está ajudando radioastrônomos a ampliar a busca por vida extraterrestre, e os resultados até agora têm sido promissores.
“Como cientistas em busca de evidências de vida inteligente além da Terra, construímos um sistema de IA que supera os algoritmos clássicos em tarefas de detecção de sinais”, relatou Price, que é pesquisador sênior na Universidade Curtin, na Austrália. “Nossa IA foi treinada para pesquisar através de dados de radiotelescópios por sinais que não poderiam ser gerados por processos astrofísicos naturais”.
Ele conta que, quando sua equipe alimentou a IA com um conjunto de dados previamente estudado, o sistema descobriu oito sinais de interesse que o algoritmo clássico perdeu.
No entanto, essas descobertas — publicadas segunda-feira (30) na revista Nature Astronomy — “destacam como as técnicas de IA certamente vão desempenhar um papel contínuo na busca por inteligência extraterrestre”, disse Price.
Inteligência Artificial não é tão inteligente assim
Price explica que os algoritmos de IA não “entendem” ou “pensam”. Eles se destacam no reconhecimento de padrões e provaram ser extremamente úteis para tarefas como classificação, mas não têm a capacidade de resolver problemas.
Em vez disso, os radioastrônomos procuram “tecnoassinaturas” de rádio. Esses sinais hipotéticos indicariam a presença de tecnologia e a existência de uma sociedade com a capacidade de aproveitar a tecnologia para a comunicação.
O que o algoritmo de IA desenvolvido por Price faz
Segundo o pesquisador, os radiotelescópios produzem enormes volumes de dados, e nele há enormes quantidades de interferência de fontes como telefones, Wi-Fi e satélites. Os algoritmos de pesquisa precisam ser capazes de filtrar assinaturas tecnológicas reais de “falsos positivos” — e fazer isso rapidamente.
À medida que o autocodificador processava os dados, segundo Price, ele “aprendia” a identificar características manifestadas nos dados. Em uma segunda etapa, esses recursos foram alimentados com um algoritmo chamado classificador de floresta aleatória. “Este classificador cria árvores de decisão para decidir se um sinal é digno de nota, ou apenas interferência de rádio”.
Depois de treinar o algoritmo de IA, a equipe de Price alimentou mais de 150 terabytes de dados (480 horas de observação) do Telescópio Green Bank, na Virgínia Ocidental. Foram identificadas 20.515 sinais de interesse, que tiveram que ser inspecionados manualmente. “Destes, oito sinais tinham as características de assinaturas tecnológicas e não podiam ser atribuídos à interferência de rádio”, disse o pesquisador.
Fonte: Olhar Digital