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Parque regula a água da chuva com “floresta flutuante”

Usando árvores, projeto transformou área degradada em um parque adaptado às enchentes

Um recente projeto paisagístico implantado na China revela o potencial de colocar a natureza no topo das prioridades ao projetar áreas de lazer. O escritório Turenscape apostou em espécies resistentes às enchentes para desenvolver uma mescla de parque urbano com floresta flutuante.

Batizado de Fish Tail Park, o parque em questão foi criado na cidade de Nanchang, dentro de uma planície de inundação do rio Yangtze no centro-leste da China. O local já abrigou uma antiga fazenda de peixes e parte da extensão funcionou como depósito de cinzas de carvão de usinas elétricas da cidade. Desta forma, a água está poluída tanto devido às cinzas como ao uso excessivo de ração para peixes.

Foi neste cenário que surgiu a ideia de criar um refúgio urbano natural e resiliente. Uma paisagem maltratada de 51 hectares foi completamente transformada em um espaço recreativo e de conexão com a natureza.

Várias espécies de plantas são adaptadas a grandes flutuações (Foto: Turenscape)

O parque fornecerá inúmeros serviços ecossistêmicos, incluindo regulação de enchentes urbanas, filtragem de água, habitat para pássaros e outros animais selvagens, bem como um espaço público para atividades recreativas”, afirma a empresa de arquitetura Turenscape.

Floresta flutuante

Projetado para regiões com monções ou climas variáveis, no Fish Tail Park foi criado um lago capaz de acomodar dois metros de elevação do nível da água, fornecendo a capacidade de captar um total de um milhão de metros cúbicos de entrada de águas pluviais.

Plataformas garantem vistas para pedestres (Foto: Turenscape)

Além disso, foram escolhidas espécies de árvores capazes de sobreviver a diversos níveis de água. Plantas perenes e anuais de pântanos, por exemplo, foram plantadas ao longo das linhas costeiras e bordas de ilhas. A floresta central na água fica submersa durante as enchentes anuais das monções.

Outra solução adotada foi reciclar as cinzas de carvão despejadas no local e misturá-las com a sujeira dos diques dos tanques de peixes para criar inúmeras ilhotas. A ideia foi inspirada nas chinampas, isto é, um método de produção agrícola utilizado pelos astecas, que consistia em construir ilhas artificiais usando materiais orgânicos.

Garantindo o lazer

Uma rede de caminhos para pedestres, além de ciclovias, rodeiam o lago e dão acesso às ilhas arborizadas, oferecendo aos visitantes uma miríade de oportunidades para explorar. O calçadão foi projetado para ser submerso durante eventos de inundação, o que pode tornar a parte central do parque inacessível por vários dias seguidos. Tais áreas para caminhadas são feitas de concreto pré-fabricado, destacadas do solo ou flutuando acima da água, e podem ser facilmente lavadas depois de submersas, juntamente com os bancos, que são feitos de alumínio.

Pontes, plataformas, pavilhões e torres de observação foram cuidadosamente posicionados para fornecer pontos focais atraentes. A chapa de alumínio perfurada é o principal material utilizado para as estruturas instaladas, criando um contraste com o cenário natural. Na entrada principal do parque, uma lanchonete se integra a um viaduto em uma via de seis pistas, ligando o Fish Tail Park ao vizinho Aixi Lake Park.

Antigo lixão urbano foi transformado em uma floresta flutuante (Foto: Turenscape)

Por fim, segundo a Turenscape, o projeto faz parte de um esforço maior do paisagista em mostrar que é possível abrir novos espaços nas cidades, não só para as pessoas, mas também para a natureza.

O escritório Turenscape planejou e projetou mais de 300 cidades ecológicas e 1.000 projetos paisagísticos na China. Seus projetos ganharam considerável aclamação internacional por seus designs inovadores e ecologicamente corretos, e a empresa ganhou 13 prêmios consecutivos da Sociedade Americana de Arquitetos Paisagistas (ASLA) nos últimos 10 anos.

Fonte: CicloVivo

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