Jardim filtrante é implantado para despoluir riacho em Recife
A iniciativa utiliza a tecnologia da fitorremediação, com o uso de 7.500 plantas macrófitas, para tratar as águas do Riacho do Cavouco, um afluente do Rio Capibaribe
Por: Laura Raffs
Você já ouviu falar dos jardins filtrantes? Criada pelo arquiteto paisagista francês Thierry Jacquet, esta tecnologia consiste em utilizar plantas para remover poluentes da água. Implantado em março deste ano, Recife (PE) conta com um jardim filtrante de 7 mil m², que foi criado com o objetivo de tratar a água da foz do Riacho do Cavouco, um afluente do Rio Capibaribe localizado no Parque do Caiara, na Zona Oeste da cidade.
Coordenado pela Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o jardim oferece um processo de filtragem contínuo, sendo capaz de tratar pelo menos 350 mil litros de água por dia. Com um investimento aproximado de R$ 7 milhões, a iniciativa faz parte do Projeto CITinova, da ARIES, que é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente e atua na área de inovação, desenvolvimento sustentável e renovação urbana.
É uma solução baseada na natureza, com um processo de filtragem natural, sem adição de químicos ou cloro. Ao usar a tecnologia da própria natureza, também estamos criando áreas verdes e um solo mais permeável, além de melhorar a qualidade do riacho”, explica Mariana Pontes, diretora de Projetos da ARIES e gestora do Projeto CITinova, sobre os benefícios da fitorremediação, a técnica com plantas utilizada para tratar a poluição do riacho.
O jardim é composto por 7.500 plantas macrófitas nativas, que foram escolhidas pensando no clima da região, no projeto de paisagismo e na capacidade de filtragem. Entre as espécies, estão a Heliconia Psittacorum, Pontederia Cordata, Canna Generalis, Thalia Geniculata, Echinodorus Grandiflorus e Nymphea SP.
Com seis quilômetros de extensão, o Riacho do Cavouco nasce da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sendo um afluente onde são despejados resíduos domésticos. O processo de filtragem do jardim instalado nas margens do riacho possui três tanques: o vertical, que reduz o acúmulo de matéria orgânica, o horizontal, que remove sólidos suspensos, e a lagoa plantada com ninfeias aquáticas, que auxiliam na reintrodução de oxigênio na água.
Melhorando a oxigenação e retirando as impurezas, estamos contribuindo para a qualidade das águas do Rio Capibaribe. Cada parte da planta é responsável por um processo do tratamento — inclusive, elas também são beneficiadas, pois se desenvolvem mais rapidamente”, comenta Mariana.
Em pouco mais de um mês de atuação do jardim filtrante, já foi possível notar mudanças no ecossistema da região: segundo Mariana Pontes, além do aparecimento de animais, o espaço também apresentou uma melhora em relação ao seu microclima. Para completar, esta nova realidade já começou a atrair mais pessoas ao parque, estreitando o laço entre a natureza e a comunidade local.
Estamos mostrando que é possível ter uma relação saudável com os rios. Queremos que o jardim filtrante também seja um espaço de educação ambiental, para que as pessoas entendam seu objetivo e gerem engajamento para cuidar deste espaço. Para o futuro, estamos fazendo grandes articulações para arrecadar recursos e ampliar este projeto”, conta Mariana.
Fonte: Um Só Planeta