Projetos arquitetônicos adaptados às mudanças climáticas
O relatório “Mudança Climática 2022”, da ONU — Organizações das Nações Unidas, expressou à população mundial preocupações ligadas aos efeitos decorrentes do aquecimento global. Perante isso, arquitetos de diversos países vêm desenvolvendo projetos adaptados aos fenômenos climáticos.
A indústria da construção civil é responsável por 38% das emissões mundiais de dióxido de carbono. Isso reforça a responsabilidade que esse setor deve ter em relação à mitigação dos impactos ambientais e das mudanças climáticas.
No ano passado, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) alertou que a maioria das cidades e assentamentos urbanos não está preparada para lidar com fenômenos climáticos intensos. Uma das recomendações do IPCC é, portanto, o investimento em infraestrutura e construções mais resistentes.
Alinhadas a essa importante missão, algumas das metas citadas no relatório são zerar as emissões até 2050 e garantir que o aumento da temperatura global seja menor que o limite crítico de 1,5°C.
Em construções sustentáveis contemporâneas, o combate às mudanças climáticas já se faz presente a partir de diversas estratégias, como: uso de materiais naturais para reduzir a pegada de carbono; otimização de espaços verdes para combater as ilhas de calor; estratégias passivas de conforto térmico para reduzir a emissão de poluentes; e superfícies absorventes ou vegetadas para absorção do excesso de água gerado por condições climáticas intensas.
Cidade flutuante contorna o aumento do nível do mar
Especialista em empreendimentos flutuantes, a empresa de arquitetura holandesa Waterstudio.NL se uniu à Dutch Docklands e ao governo das Maldivas para conceber o inovador projeto Maldives Floating City (MFC), uma cidade flutuante que propõe uma vida sustentável sobre as águas do oceano Índico.
Ocupando uma área de 200 hectares, o projeto inclui milhares de residências flutuantes ao longo de uma malha flexível ligada a um grande casco de concreto submerso. A infraestrutura da cidade é formada por canais e estradas que permitem percorrer a maioria dos trechos a pé ou de bicicleta.
Pioneira nesse tipo de projeto, a MFC se destaca pelo conceito resiliente e adaptado ao aumento do nível do mar estimado para as próximas décadas. Na infraestrutura, estarão inclusos uma marina, restaurantes, hotéis e boutiques, conciliando sustentabilidade, viabilidade comercial e desenvolvimento urbano.
A cidade flutuante integra um conjunto de soluções inteligentes que respondem às mudanças climáticas, bem como bancos de corais artificiais para estimular o crescimento do ecossistema marítimo natural. Os recifes de coral irão atuar como quebra-ondas que, junto a estruturas flutuantes, irão contribuir para o conforto e a segurança dos moradores.
Combate às emissões de carbono
Na importante missão global de reduzir os impactos ambientais, um projeto arquitetônico de destaque é o Urban Sequoia, desenvolvido pelo SOM, um coletivo de designers, arquitetos e engenheiros. Trata-se de um protótipo de arranha-céu capaz de absorver o carbono da atmosfera durante todo o ciclo de vida do sistema.
Pensado para se adequar às tecnologias atuais, o Urban Sequoia propõe ir além do conceito de meta líquida zero, através de um conjunto de estratégias como reduzir o carbono incorporado, absorver o carbono da atmosfera, elevar a vida útil média dos edifícios e gerar energia limpa.
O projeto inicial do Urban Sequoia estima que, durante a fase de construção, o carbono será reduzido em 70% em comparação a um arranha-céu convencional. Já ao longo dos cinco primeiros anos de vida, a absorção de carbono será suficiente para compensar 100% da emissão durante toda a vida útil da construção.
Além disso, o Urban Sequoia integraria soluções como: tecnologia de captura direta de ar incorporada ao núcleo e à cobertura do edifício; reúso do carbono capturado para funções industriais; e materiais absorvedores de carbono, como bioconcreto e madeira.
Adaptações urbanas contra inundações
A cidade de Copenhague, na Dinamarca, receberá o inovador projeto Soul of Norrebro, concebido pelo escritório de arquitetura SLA. Ele engloba um conjunto de espaços sociais que, através do design de ecossistemas biológicos, lidam com as inundações provocadas por fenômenos como chuvas torrenciais e aguaceiros.
Para tanto, o projeto foca na renovação e na adaptação climática do Parque Hans Tavsens, que será feita a partir de novos ecossistemas hidrológicos e biológicos. De forma integrada, a ideia é fazer uso de vegetação robusta e biótipos da natureza para filtrar a água dos lagos da cidade.
Esta particularidade é um grande diferencial do Soul of Norrebro. Adaptado às fortes condições climáticas da região, o Parque Hans Tavsens será utilizado como uma bacia capaz de coletar 18 mil m³ de água da chuva de uma só vez.
O volume que exceder a capacidade do parque será conduzido pela Rua Korsgade, ao longo da qual a vegetação natural da cidade fará a filtragem biológica da água. Para o seu desenvolvimento, o projeto contou com a colaboração de residentes e organizações locais. Com as suas soluções, o Soul of Norrebro irá aliar seu caráter ambiental à promoção de espaços urbanos que reforçam as vivências em comunidade e a integração com a natureza.
Fonte: Construtora Laguna